O
funk saiu do gueto e dominou todas as classes sociais. Ótimo! O samba, o reggae
e até o jazz saíram da periferia, lutaram contra o preconceito e hoje são o que
são.
O
funk muitas vezes tem letras sexualmente explicitas. Ok, até aí, Rihanna,
Ariana Grande, Britney, Beyonce, Jessie J, Nicki Minaj... todas tem e ninguém
reclama.
Mas
existe algo inédito acontecendo no fenômeno funk que talvez nem todo mundo
percebeu, a “Cosmética da Pobreza”.
Enquanto as pessoas só ouviam e dançavam o
funk, estava tudo “tranquilo, favorável”, mas de repente eu começo a ver o que
concluo ser um desrespeito. A modinha de “favela em Iphones” foi transformando
a comunidade de verdade em um circo, e agora estão cobrando ingressos. “Um
safari-selvagem” (palavras de Patrícia, 25, moradora do Vidigal) é o sentimento
muito comum de moradores que acompanham, por exemplo, a inauguração de uma
balada AAA construída no topo do Morro do Vidigal à $300,00 a entrada. É como
se a popularização do funk servisse de eufemismo a problemas sociais sérios,
enquanto adolescentes ricos brincam de ser pobres.
Se você que estiver lendo isso pertencer a
dita “classe (de renda) média”, existe grande chance de não concordar comigo, mas
basta algum contato com essa galera para mais esclarecimentos.
Em se tratando do absurdo déficit em
distribuição de renda, já seria triste pensar que o funkeiro pobre gosta de
fingir que é um adolescente rico. Mas agora vemos uma situação ainda mais
perturbada: O adolescente rico imitando o funkeiro pobre, que finge que é um
adolescente rico. Entende? É cena comum, um Audi A8, num condomínio de luxo,
com o filho de um empresário, ouvindo “baile de favela” e brincando de 50
cent..
Não sou politicamente correto ou “chatão”, só
percebo que algumas atitudes geram consequências que depois reclamamos. Se é
pra unir pessoas diferentes que seja algo verdadeiro pra gerar vida, mas “Baile
de Favela” à 300,00 é agir como “passeio no zoológico”, e isso é inadmissível a
essa altura da História.
Só pensei..
0 comentários: