Amadureci um pouco a ideia que desenvolvi no texto “O Retrocesso da Especialização”. É
verdade, precisamos de pessoas doando suas vidas em pró de um único estudo pontual e específico. Muita gente já foi salva por causa disso e muita tecnologia inventada partiu de pessoas que só sabiam conversar sobre o assunto cujo qual estudavam. Porém, ainda tenho minhas ressalvas, e esta semana acabei me lembrando delas.
Você já teve contato com alguém que começou a estudar alguma coisa e, de repente, ela passa a achar que todo mundo faz tudo errado? Que todos somos enganados pelos nomes mais conhecidos e que ela é muito mais lúcida que o resto? Explico com exemplos infinitos:
1. Começa estudar gastronomia e então a vó que cozinhou a vida inteira passa a ser amadora, não mais uma referência. “Ela nem sabe o que é reduzir um molho”.
2. Entrou na faculdade de psicologia. Pronto, todos são desequilibrados e ela é de uma serenidade ímpar. Agora cita filósofos do século XVIII na janta.
3. Num dia entrou na faculdade de Direito, no outro já é a maior defensora dos direitos do consumidor. Chamo isso de “Síndrome Celso-Russomânica”.
4. Passou a estudar Moda. Agora sai fantasiada na rua.
5. Músicos acadêmicos, nos primeiros anos, não admitem ouvir músicas populares. E todos que aparecem na mídia são ruins. Bom mesmo só ele e seus professores que tocam em teatros para 30 pessoas por 180,00 reais.
6. Agora ela estuda administração. Pronto, o pai, que levou a empresa por 3 décadas é um desatualizado e atrapalhado. Boa é ela que sabe as teorias do 5S e lê esses livros de “auto-ajuda-corporativa”.
Parece que qualquer estudo ou aprofundamento em qualquer conhecimento gera, no princípio do processo, uma petulância sem tamanho. Talvez deva fazer parte da evolução no caminho do saber, “ficar folgado”. Começo a crer que leva um tempo até que as informações, ainda “novidades!”, se assentem e permitam que a embriagues passe e o valor das pessoas lentamente volte. Estudei numa faculdade que tem, no mesmo prédio, o curso de moda mais respeitado do país. Era hilário como as recém iniciadas pareciam viver em outro mundo. Uma roupa mais estranha que a outra. Já as veteranas do 5º ano usavam jeans (sem perderem estilo, claro, mas com muito mais medida).
Talvez também, as pessoas com certa baixa autoestima, quando submetidas a processos pedagógicos eficazes que agregam a ela conhecimentos relevantes, passem a ter algumas de suas carências supridas e se enxerguem então em um lugar inédito de “especialista no assunto”, ainda que apenas na sua casa ou roda de amigos. Isso pode ser a causa da tal insolência.
Ou talvez seja apenas uma forma curiosa de euforia! Sim! A empolgação com tal conteúdo novo é incontrolável e maior ainda é a ansiedade de po-la em prática! -Isso, soa melhor assim-.
Seja qual forem as causas exatas dessas consequências, vale a penas revermos cada um o seu caso pessoal, para que sejamos assim o menos possível. Não por nenhuma causa antropológica ou maiores perigos profissionais, mas simplesmente porque sentar para comer uma pizza na mesma mesa que você pode ser algo cansativo, desagradável e irritante para as pessoas, e só você ainda não sabe.
verdade, precisamos de pessoas doando suas vidas em pró de um único estudo pontual e específico. Muita gente já foi salva por causa disso e muita tecnologia inventada partiu de pessoas que só sabiam conversar sobre o assunto cujo qual estudavam. Porém, ainda tenho minhas ressalvas, e esta semana acabei me lembrando delas.
Você já teve contato com alguém que começou a estudar alguma coisa e, de repente, ela passa a achar que todo mundo faz tudo errado? Que todos somos enganados pelos nomes mais conhecidos e que ela é muito mais lúcida que o resto? Explico com exemplos infinitos:
1. Começa estudar gastronomia e então a vó que cozinhou a vida inteira passa a ser amadora, não mais uma referência. “Ela nem sabe o que é reduzir um molho”.
2. Entrou na faculdade de psicologia. Pronto, todos são desequilibrados e ela é de uma serenidade ímpar. Agora cita filósofos do século XVIII na janta.
3. Num dia entrou na faculdade de Direito, no outro já é a maior defensora dos direitos do consumidor. Chamo isso de “Síndrome Celso-Russomânica”.
4. Passou a estudar Moda. Agora sai fantasiada na rua.
5. Músicos acadêmicos, nos primeiros anos, não admitem ouvir músicas populares. E todos que aparecem na mídia são ruins. Bom mesmo só ele e seus professores que tocam em teatros para 30 pessoas por 180,00 reais.
6. Agora ela estuda administração. Pronto, o pai, que levou a empresa por 3 décadas é um desatualizado e atrapalhado. Boa é ela que sabe as teorias do 5S e lê esses livros de “auto-ajuda-corporativa”.
Parece que qualquer estudo ou aprofundamento em qualquer conhecimento gera, no princípio do processo, uma petulância sem tamanho. Talvez deva fazer parte da evolução no caminho do saber, “ficar folgado”. Começo a crer que leva um tempo até que as informações, ainda “novidades!”, se assentem e permitam que a embriagues passe e o valor das pessoas lentamente volte. Estudei numa faculdade que tem, no mesmo prédio, o curso de moda mais respeitado do país. Era hilário como as recém iniciadas pareciam viver em outro mundo. Uma roupa mais estranha que a outra. Já as veteranas do 5º ano usavam jeans (sem perderem estilo, claro, mas com muito mais medida).
Talvez também, as pessoas com certa baixa autoestima, quando submetidas a processos pedagógicos eficazes que agregam a ela conhecimentos relevantes, passem a ter algumas de suas carências supridas e se enxerguem então em um lugar inédito de “especialista no assunto”, ainda que apenas na sua casa ou roda de amigos. Isso pode ser a causa da tal insolência.
Ou talvez seja apenas uma forma curiosa de euforia! Sim! A empolgação com tal conteúdo novo é incontrolável e maior ainda é a ansiedade de po-la em prática! -Isso, soa melhor assim-.
Seja qual forem as causas exatas dessas consequências, vale a penas revermos cada um o seu caso pessoal, para que sejamos assim o menos possível. Não por nenhuma causa antropológica ou maiores perigos profissionais, mas simplesmente porque sentar para comer uma pizza na mesma mesa que você pode ser algo cansativo, desagradável e irritante para as pessoas, e só você ainda não sabe.
leia também Minorulandia: O Retrocesso da Especialização
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