Desceu do trem. Trazia consigo três tragédias.
Atravessou a Praça Treze.
Seu traje era fino para o frio que era. Camiseta e cachecol de tricô.
Não havia mais nada. A vida não lhe dera troco.
Trapo. Tropo.
Torpe. Atroz.
Da bituca no chão, um trago.
Do que escapou das mãos, um triz.
O trovão traduzia bem o peito traído.
Tratava-se de algo trágico.
Um trauma trivial aos que passavam.
Travado pela bebida, sentou num tronco. Tremeu um trítono de trova antiga.
Mas só um trecho, não lembrou tudo.
Avistou uma porta destrancada.
Na frente, uma luz vermelha e trêmula.
Traçou o trópico daqui até ali e cruzou o tráfego tropeçando nos transeuntes.
“O Cortiço”, trazia a porta. “Mulheres trabalhando”.
Da porta sem triagem, aos trancos, se humilhou até outro andar. Já um triunfo.
Talvez transar amenizasse a tristeza.
Nunca tramitara por essas trocas. Parecia um trapalhão tentando transgredir seus próprios tratados.
Como no peito já era vazio, pode apenas tratar de esgotar os bolsos.
Trezentos cruzados. Fretou um romance de aluguel.
Qualquer tranqueira. Semblante tétrico.
Trepou.
Frenético, numa frequência frígida.
Seu corpo em Luto, pela alma que morrera antes.
Até que ao fundo tremeluziu um tom.
Alguma música...?
(...)
Aquela música!
Trompetes!
-Transcendeu-
Trinados de Jazz. Talvez um trio?!
Como uma truta pescada das trevas, aquele tilintar metálico e doce trouxe vida ao homem sem trajes!
Vida!
Santa trindade!
Do acaso, uma trégua ao coração atrofiado!
Um trilhão de ideias renderam uma Esperança!
Toque! Toque! Toque! -suplicava ao rádio-
E assim, diante de tamanha tribulação, sobrepôs-se a Música, tremenda.
Num fôlego.
Nota: A imagem foi um presente do artista Gabriel Gudin, especialmente para este texto.
E fez toda a diferença.
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