-O que é aquilo?!
Inesperadamente, um
pouco à esquerda, havia ali um galho que ostentava um brilhante morango, bem na
ponta. Não sei se era o momento, mas parecia o morango mais suculento jamais
experimentado. Era vermelho como uma tulipa no fim do inverno, provocante como
uma dançarina de tango. Sem pensar duas vezes, o fugitivo usou todas as forças
que lhe restavam e se esticou. Apanhou a fruta e mastigou à escorrer pelo
pescoço. Sempre penso que ele fechou os olhos nesta parte.
A estória acaba aí.
Assim, mesmo. Me apaixonei por esta estória e lembrei dela nestes dias.
Até pelo ramo
profissional que escolhi, sou rodeado de medos, sonhos, incertezas e
inseguranças. Nunca sei ao certo como será o ano seguinte. Seja com notas ou
letras, não tenho escolha a não ser compor um dia de cada vez. Mas vez ou outra
Deus me manda uns morangos. Acabo de viver dias inesquecíveis ao lado de dois
caras especiais, Lucas Peixoto e Ivan Dalton Lima, amigos desde a primeira
série. Fomos, literalmente, até o Fim do Mundo, conhecemos paisagens onde homem
nenhum habita. Sentimos o frio da geleira que mata, o vento das pedras que
cortam. Dirigimos até depois de onde o olho alcança e nos prostramos diante da
opulência da mãe Terra. Mas mais que a aventura, meu morango foi o tempo com
eles. Estamos tão diferentes.. Diferentes uns dos outros e diferentes de nós
mesmos naqueles recreios em que jogávamos tazos. Um engenheiro matemático, um administrador
acelerado e um músico escritor.
O morango é isso, ele
não muda necessariamente o final das histórias, mas te dá fôlego. Ele não elimina os lobos e
os desafios da vida, mas nos embala no colo como alguém que te ama de um jeito
maternal. O morango não é uma mágica, mas um Sopro. Um Sopro de vida que entra
nos pulmões e grita “vamos pra cima! Tenta de novo!”. Os morangos são como pequenos
oásis no deserto onde os forasteiros encontram abrigo e água fresca. E os oásis
não diminuem o tamanho nem o calor dos desertos, mas multiplicam as esperanças.
E Deus falou comigo
por meio deles. Dividimos planos, vontades e medos. Sonhamos nossos futuros e
sangramos nossas limitações, mas dividindo parece mais fácil. Por alguns dias
me senti voltando àquela escola com minha lancheira e procurando eles no
pátio. Ainda rimos exatamente igual e o Ivan ainda corre com a mão aberta pra ajudar na aerodinâmica. O Lucas ainda gosta muito de salsicha e presunto. Meus dois morangos, ou “maracujás”, que é a
palavra que eles sempre usam para zombar dos meus poemas.
Isso! De hoje em
diante contarei essa história sempre usando maracujás ao invés de morangos! Em
memória do que vivemos e ainda somos! Assim, sempre que contar esta história para ninar meus
filhos, logo em seguida explicarei que não eram maracujás, mas que troquei
porque ficava mais bonito assim...
-pausa para um
sorriso e uma piscada longa-
Isso... “3 lobos, um
menino e um maracujá”...
Caraca Minoru!!
ResponderExcluirEmocionou! Melhor texto!!
Como vc msm disse, ainda somos os "mesmos", e pode contar comigo, pq não importa quantos lobos sejam, nos somos em 3!