Tenho um grande
amigo chamado Davi. Pai do genial Mathias e marido da doce Pri, o Davi é
guitarrista daqueles que investe mais em timbres do que em virtuosismos. Já
ultrapassou a puberdade musical é de apaixonante personalidade sonora. As
paredes do seu apartamento são repletas de Arte que ele traz de suas viagens.
Ele compra quadros de artistas vivos e os chama pelos nomes. Tudo tem um porquê
na casa dele. Também toma bebidas diferentes e curiosas e é aí que eu queria
chegar.
Tenho um grande
amigo chamado Milton. Meu vizinho desde muito antes da minha puberdade, o
Milton hoje é advogado de mão cheia. Tem personalidade e entonação de jurista,
sabe as coisas todas decoradas e tem até uma coluna sobre política no jornal.
Acontece que de um tempo pra cá ele vem se aperfeiçoando na arte de fazer
drinks. Montou um bar na sala dele e tem tudo o que você possa imaginar, até
cardápio e é aí que eu queria chegar.
Ao contrário do que
está parecendo, eu não sou muito de beber álcool. Gosto de estudar enologia
(vinhos), mas tenho até minha resistência limitada à pouco mais de uma única
taça. O ponto que quero expor é o que me apaixona nesses caras: os dois
escolheram para si hobbies que só se completam quando proporcionam prazeres aos
outros! Podiam andar de bicicleta, voar de asa-delta, esquiar, pintar quadros,
colecionar qualquer coisa, mas optaram por investirem tempo e recursos em algo
que não se faz completo sozinho. Optaram pelo Tempo com os outros, tornaram-se convidativos, fizeram-se ouvidos e risadas. Escolheram caminhos que
retardam as horas e valorizam os diálogos. Fizeram como Lenine “enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu
me recuso, faço hora e vou na valsa” e é por isso que sou apaixonado por
estes dois professores.
Mais um ano está
começando e nele eu quero ser mais como o Davi, que traz uma pequena garrafa
rara do deserto-de-não-sei-onde e não pensa duas vezes antes de dividi-la
comigo. Quero ser como o Milton que tem e faz muitas alquimias que não o
agradam, mas que fazem o gosto de outros. Quero, assim como o pai do Mathias,
saber e ter respeito pelas histórias de cada coisa e oferecer o que tenho de
melhor aos outros, simplesmente porque é só isso que completa o momento.
Sou um amante de
histórias e estórias. Não gosto de beber sem um bom motivo e ao me
ensinarem a diferença entre Mojito Clássico e Mojito Fidel citando as guerras, os nomes e os anos, tudo ganha um propósito relevante. Obrigado por me ensinarem a repartir sem
medida tudo o que eu tiver de melhor e por valorizarem o tempo comigo. Que sejam seus todo
o meu tempo, para que também sejam meus todos os seus sonhos.
Tetelestai.
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