Sobre o “mimimi” da falta de diversidade nos ministros de Temer.


  Sim, penso que quem deve estar no governo deve ser, sobretudo, capacitado para o cargo, transparente e honesto. Sem dúvida estes são os principais pré-requisitos, mas vamos além:

  Quando eu tinha 13 anos, lá na escola, me escolheram para ser representante do ginásio. Eu adorava falar em público e me empenhei para escrever a tal “carta de observações” para a diretora. Nela eu poria todas as reivindicações que eu achasse que cabiam. Eu era o cara mais importante da 5ª até a 8ª série, tipo um herói que lutava pelos direitos dos pobres mortais. Lembro que pedi ajuda para o meu avô, queria estar preparado para o tal discurso no recreio da terça-feira. Seria o meu momento de gloria! Mas, qual não foi a minha surpresa ao ver as reações das pessoas enquanto eu lia aquele papel, em cima de um palanquinho improvisado!? Os da 5ª série brigaram porque eu não falei da bola que estava velha. Os da 8ª quase me bateram porque eu esqueci de falar da viajem de formatura, e até as meninas da minha própria sala me interromperam para cobrar os espelhos dos banheiros. Eu saí arrasado.. foi a minha derrota... Anos depois, já na faculdade, me chamaram para fazer parte do CA e eu fui categórico: “JAMAIS”.

  Tudo isso pra falar que naquela manhã deprimente de terça-feira eu fui integro, fui honesto, me coloquei no lugar das pessoas, eu fui o melhor que eu pude.. Pensei que havia previsto todos os detalhes e necessidades! Mas idoneidade não substitui vivencia. A boa vontade não pressupõe representatividade total. Eu sou branco, loiro, de uma classe social confortável, de preferência sexual conservadora.. jamais saberei exatamente como lutar por alguém muito diferente de mim. Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito, ninguém nunca me discriminou, muito pelo contrário. Hoje, depois de tantos anos, entendo que o culpado daquele meu vexame não fui eu, mas sim a prática da boa intenção que a diretora teve. 


Acabei de mandar um e-mail para aquela professora. Sugeri que escolhessem não mais um representante do ginásio, mas sim uma “liga da  justiça” formada por um de casa série, com meninas para lembrarem dos espelhos e meninos para não esquecerem das bolas velhas de futebol... Acho que só hoje me libertei daquele peso..

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