Desde os tempos das cavernas o homem busca,
até por sobrevivência, se destacar do resto do grupo. As vezes o faz pela força
bruta, as vezes pela inteligência e as vezes pela aparência. Em se tratando de
relações interpessoais, esta última é, sem dúvida, a estratégia mais evidente
nos dias atuais. A boa aparência e o
tal estilo são prioridades disparadas,
e se você parar e pensar no que nós nos submetemos por esse status, verá que alguns limites estão
sendo extrapolados. E digo isso porque o cuidado com a imagem é, em sua
essência, saudável e indispensável. Muito da riqueza de cores e formas da
natureza surgiram pelo propósito de criar uma aparência convidativa ao outro, e
assim perpetuar a espécie.
Quando digo que alguns
limites estão sendo extrapolados, estou pensando especialmente em Finalidades e
Repetição-Automática-de-Comportamento. Explico. Certo dia os pavões começaram a
competir tanto para ver quem tinha as penas mais coloridas, que se esqueceram
de mostra-las às fêmeas!. Entendem onde quero chegar? Coisas absurdas começaram a
serem feitas, apenas pelo tal estilo! Padrões comportamentais vão se repetindo até perderem o propósito, pelo estilo.
Imagina que, pela boa aparência, as pessoas usam óculos
escuros, no escuro! -baladas e festas, por exemplo-. Pense nas roupas
desconfortáveis, mas bonitas. Pense nos sapatos dolorosos, nas maquiagens incômodas,
nos enfeites pesados e chegue até as grandes operações plásticas nas chinesas
que querem alongar as canelas!
E de alguma maneira
a convencionada “boa aparência”
ultrapassa os limites do visível e atinge os hábitos comportamentais. Molda não
só o estilo “aparente”, mas também o modus
operandi do indivíduo. Lembre das pessoas que gastam dinheiro nas rodas do
carro numa proporção absurda se comparado ao valor do próprio veículo. Sons
automotivos com potência para um show no Anhembi, tênis caríssimos mas quase
descartáveis, perfumes que custam o “olho da cara” e têm aromas questionáveis... As
operadas “ex-gordinhas” que sonham em serem vulgares-desejadas, assim como as
vulgares-magras o são..
Ele, o tal estilo, parece que nos resguarda o ego.
É por essa segurança inventada que muitas pessoas gastam o que não tem e se
atolam em dívidas. Constroem um herói chamado Rei do Camarote, publicamente o crucificam, mas internamente morrem de vontade de sê-lo. É quase um fetiche guardado no mais profundo dos
calabouços da alma. Os homens enchem seus corpos com hormônios e esteróides até seus pênis
sumirem naquela sunguinha de halterofilista colorida. As mulheres raspam o cabelo de um
lado como as cantoras teen da Disney, e não admitem sair para uma festa
vestindo algo que não mostre ao menos UMA parte do corpo, mesmo no frio...
Não estou falando
que todo mundo tem que ser básico e simples, nada disso! Por favor, o ponto é
outro. É o “tudo por estilo”. Acho curioso ver alguém se forçar a tomar uma
bebida que não desce, fumar algo que não quer, vestir algo que não gosta, tudo para fazer parte. Acho
engraçado quando percebo que alguém precisa de um copo porque não sabe o que
fazer com as mãos durante a festa. Inevitavelmente lembro dos rapers que andam
tortos e corcundas de propósito, por estilo!
É hilário. Na
verdade é tragicômico. Ver um adolescente entortar os dentes, colocando
aparelho ortodôntico sem necessidade e depois enfeita-lo com cerdas coloridas
de vassoura, é algo que eu preciso de tempo para digerir... Alguém que dirige
com banco tão deitado que não tem onde apoiar as costas (além de enxergar pior
o caminho); que ouve som tão alto que prejudica a audição permanentemente...
São malefícios que nem sempre entram nas contas.
Então, você é desses
que tem estilo e boa aparência? Cuidado, sair “fantasiado” na rua pode ser o menor
dos seus problemas...
O que dizer?
ResponderExcluirNada a acrescentar. Precisão cirúrgica.
Perfeito!
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