A burrice dos jovens mais inteligentes da história


  Nós jovens estamos cada vez mais atualizados, cada vez mais proativos e traçando planos nunca antes tão ambiciosos para pessoas tão novas. Estamos, sem sombra de dúvidas, evoluindo e gerando pequenos prodígios cada vez mais precoces. Nunca antes houveram moços tão influentes, nunca a vanguarda tecnológica, científica e empresarial foi constituída por membros de tão tenra idade. Mas no meio de toda essa evolução um ponto está realmente me incomodando: o tratamento com os que vieram antes. Não me julgo nenhum exemplo de conduta pra nada, muito pelo contrário. Mas tenho ficado sem reação com alguns eventos e isso tem sido recorrente.
  Com o passar dos anos o corpo deixa de evoluir e passa a, literalmente, definhar. Principalmente para aqueles que não cuidaram de sua manutenção –exercícios e alimentação- este processo é mais acelerado. As respostas vão ficando mais lentas, as contas vão saindo com pequenos erros, as passadas mais lentas tornam as distancias mais alongadas, as novas tecnologias viram desafios e até mesmo a língua –que é viva e muda- pode passar a ser um problema na comunicação dos mais idosos.
  É nessa hora que as vezes perdemos a mão com as piadas. É exatamente aqui que, frequentemente, os limites são ultrapassados. Reclamamos que não acompanham nosso passo na caminhada, expomos publicamente os erros “bobos”, exibimos as limitações deles com risada na cara e muitas vezes não imaginamos a humilhação que isso gera. Até por não saber como reagir, por não ter como negar algumas limitações escrachadas, os velhos sorriem e frequentemente aceitam a ridicularizacão. Por vezes, são até os primeiros a salientarem suas dificuldades, pois isso os poupa de outros o-fazerem. Percebo que ao longo do dia até se omitem de opiniões e tomadas de decisões básicas, apenas para “não dar trabalho”. Ler um cardápio, conferir a conta, dirigir um carro em meio a uma tempestade, apertar o passo para se abrigar da chuva que começou no meio do passeio, entender porque a televisão “parou”...
  Essa de aparelhos eletrônicos é clássica: Primeiro pedem ajuda dizendo que “a televisão não está funcionando”. O filho “arruma” mas demonstra falta de paciência diante daquela “burrice”. Com a recorrência disso, eles passam a assistir o canal que está quando a televisão é ligada, sem dizer que o controle remoto não responde. Até o dia em que eles não assistem mais a televisão pois “essas televisões são difíceis de mexer”.
  O normal do jovem é excluir o velho. Principalmente numa fase específica que é quando o filho começa a ter responsabilidades em casa e seus palpites começam a ter relevância nas decisões. Quando ele começa a sentir-se parte da liderança do lar é a fase perfeita para perder o controle e fazer os pais e avós sentirem-se menos capacitados, lentos e atrapalhados. Acontece que as limitações são reais! Todos, novos e velhos, estão cientes das novas dificuldades e isso as vezes é suficiente para que eles se submetam aos papéis de “filhos dos filhos”. Recebem ordens e levam broncas. Vão gradativamente ficando menores por dentro e se vendo cada vez menos capazes.

  Torço para que nós percebamos que a falta de misericórdia, mata. Cruzo os dedos para que nos policiemos lembrando do carinho que recebemos deles. Caso isso não aconteça e o velho continue sendo ridicularizado pelo novo, que quando ele morrer você não esqueça te teve parte nisso, pois a morte começa por dentro.

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2 comentários:

  1. Infelizmente preciso concordar com você, a intolerância e o desespero pela falta de tempo (na verdade, falta de valorização deste) mata essências e essenciais. Desejo que sempre que nos depararmos agindo assim com alguém, seja com quem for na sociedade que se vê perdido neste novo mundo... Sintamos o peso dessa atitude refletida em nós mesmos, para que ao menos o egoísmos de pensarmos "Não quero ser tratado da mesma forma", mude nossa forma de agir pelo benefício de quem busca e valoriza nosso tempo, desde que mude. Infelizmente "Materiamar" está muito rodeado de barganhas, mas desejo sinceramente que as pessoas sejam amadas, sintam-se amadas e amem, mesmo que doa o processo que estas precisaram passar até que egoístas a sua volta aprendam o que é amor abnegado. Desde que aprendam, o fim valerá a pena. (materiamar.blogspot.com.br)

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  2. texto muito bom, mas acho que voce poderia ter feito uma conclusao mais extensa, mais profunda. nao muuito maior, mas coerente com o tamanho dos argumentos...

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