Viva na iminência do fim

Este é um conselho muito fácil de ser mal entendido. Fácil de ser banalizado e distorcido em capas de cadernos adolescentes, ou até mesmo tatuado e tenros dorsos juvenis e usado como desculpa para a libertinagem. Eu, nos meus preconceitos e limitações, nem o ouviria até o fim se não tivesse vindo de quem veio. E por este mesmo motivo, ruminei e traduzi assim:
  Enquanto a incógnita do Quando é nebulosa, a certeza do Fim é imutável e dispensa negociatas. Diante dessa condição, uma sugestão: driblar a finitude da vida com a eternidade de Ações. Desviar da fragilidade da matéria com a imortalidade do Perdão. Ousar, ainda eu acabe antes, repousar em escolhas de Amor e assim, apostar que elas gerarão vida para além de mim. Enfrentar com uma flor um tanque de guerra. “Viver para sempre”. E isso não significa não morrer, mas agir com valores que desencadeiem acontecimentos onde o Bem vença o Mal.
  Viver intensamente não é uma loucura acelerada, mas ter um real contato com o propósito de Deus para a Existência, em suas melhores e piores experiências. Ter uma vida simples. Não como um voto de pobreza, mas no sentido de Una (ser um, ser o mesmo, não-composto, uni facetado, ser eu). Ser o mesmo em todas as rodas, ser transparente, despido de máscaras ou “roupas para cada situação”. E isso ultrapassa “saber se portar em diferentes lugares”, tem a ver com moral e princípios. Tem a ver com viver o que prega.
  Se o fim é iminente, convém lambuzar-se no pouco tempo que temos. Viver em Sua iminência é Perdoar desde já; pedir perdão agora; Amar incondicionalmente durante. Viver na iminencia do fim é ir lá, tocar a campainha e tentar resolver. É dizer que sente falta, é se permitir sentir falta. É rir da piada repetida, se surpreender com o pudim de sempre, sentir presenteado com uma laranja descascada na geladeira, ganhar uma flor, dar uma flor... é viver agarrado em coragens que não debochem do perigo e da dor, mas que chore o marginalizado. É fazer questão de que “a minha dor esteja em sintonia com o mundo ao meu redor”.
  É comer o patê de queijo da minha vó como se amanhã eu não a (o) tivesse mais; beijar minha namorada tendo em mente que é ela a mulher da minha vida hoje; curtir o dente que cai da boca da Tuca como se ela entrasse hoje no banho e saísse com 20 anos; assistir televisão com a minha mãe como se ...

...Pelo amor de Deus, viva na iminência do fim...

Ao Ricardo, o pastor poeta.

Use seu Facebook ou ID Google, poste aqui o que você pensa. É importante...



2 comentários: