Não riam de mim.







 Como toda criança, eu também tinha as minhas manias. Mas uma delas gerou grandes consequências em mim, era a mania de tentar adivinhar. Tentava adivinhar tudo, qualquer coisa.
Como uma pessoa reagiria se eu dissesse isso; pra que lado o carro amarelo vai virar; qual a primeira palavra do professor quando entrar na sala; o que teria de almoço; depois de quantos segundos o programa vai voltar do comercial. Tudo. Sem critério nenhum, tudo mesmo.
  De tanto não dar certo eu acabei me frustrando e elaborando uma teoria. A probabilidade de eu acertar UM acontecimento entre o infinito de possibilidades que o acaso pode promover é tão improvável que “sempre que eu pensar em algo, isso não acontecerá”.
  Nossa... aí a frustração tomou proporções imensuráveis. Sempre que eu começava a imaginar algo fantástico; que alguém me surpreenderia; que eu ganharia o que tanto queria; que eu venceria fazendo o gol; que eu acertaria a questão primeiro; que aceitaria meu convite, isso não aconteceria. Afinal, eu tinha pensado aquilo! “Que vacilo! Eu já imaginei isso!” era o que eu lamentava.
  A saída foi adotar basicamente duas alternativas para minimizar meu infortúnio. Primeiro eu me segurava ao máximo para não pensar em nada do “melhor que pudesse acontecer”. Claro, senão aí sim é que não aconteceria mesmo! Para me ajudar a ocupar a mente e impedir que eu “estragasse tudo”, eu usava a segunda estratégia, pensar só nas piores coisas que poderiam acontecer.
  Caramba, mas isso era tão ruim... é como criar coragem para falar com uma garota imaginando ela te voltando um tapa. É como entrar num jogo de futebol imaginando você tendo uma crise de incontinência urinária antes de bater o pênalti. É entrar pra fazer a prova imaginando que você vai esquecer tudo! Sei que é duro, mas fazia todo sentido. Afinal, Conjecturando esta possibilidade eu, estatisticamente a anulava. Era uma baita segurança, convenhamos.
  Só eu sei o que eu passei aqui dentro. Sério. Agora mesmo eu estava no banho pensando em  uma surpresa que eu queria receber. Antes de terminar de me enxugar eu pensei “Puts, pensei!”.
  Caramba...

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2 comentários:

  1. Hahahaha... Poxa!!! Achei que só eu fazia isso. Exatamente isso! Foi confortante saber que não sou a única! Rs

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  2. Puts!
    [achei que só eu era louca assim (2)!!!!]
    muito divertido ler seu texto e me identificar!
    Obrigada por fazer com que eu não me sentisse a única maluca do universo! hahaha

    Abraço!
    Lysis

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