Presentear alguém não é uma tarefa fácil por
dois motivos: primeiro pelo tempo e dinheiro que isso pode requerer. Segundo
que, quando realmente fazemos questão da satisfação do outro, a escolha do
presente pode ser a parte mais desgastante da tarefa. E é exatamente este
segundo ponto que inverte os papéis. A
dedicação de alguém em me agradar coloca nela expectativas sobre a minha reação
ao ser presenteado. Isso independe do presente. Pode ser uma criança dando
uma folha para a mãe; um pai dando um carro para o filho; um homem cozinhando a
janta para uma mulher ou a esposa se despindo para o marido. Em todos os casos
o valor maior do presente está na vontade de acertar, e este anseio é lindo! Na
verdade ele é tão importante que deveria tornar até o próprio presente
secundário.
Já li autores dizendo que a espera por
reações não passa de Amor Próprio. Já vi gente dizendo que os presentes devem
ser dados unilateralmente, sem expectativas. Já vi pessoas dizendo
indelicadezas como “mas você presenteou
para me agradar ou para receber elogios?”. Há até quem diga que “presentear alguém é uma expectativa de
massagem no ego”. Isso me entristece muito. Quem acha que se preocupar com
a expressão da gratidão é uma responsabilidade árdua demais, não merece aquele
que a presenteia. Quem não demostra cuidado no Receber, é porque “colocou a graça da coisa na coisa errada”.
Não arredo o pé de que as ternuras devam ser
gratuitas, mas a vontade de acertar deixa o coração docemente agitado! Isso
confere ao sujeito presenteado uma responsabilidade diante do que presenteia. E
não é orgulho não, é só uma “espera esperançosa”. Ao que presenteia basta um
olho que brilha, um riso demorado, um silêncio rico. E não estou falando para
aumentar nada, nem supervalorizar e nem confetes! Não pode ser falso. Estou
falando em sobrepor o ato de “cozinhar-para-mim”, ao próprio gosto da comida;
em lembrar que alguém investiu tempo arquitetando... Mais importante que a cor
da camisa, que o formato do embrulho deve ser o gosto de saber que alguém o
escolheu. Este definitivamente não é o melhor momento para sugerir como
aprimorar o macarrão ou ensinar um laço mais bonito. Para presentear basta ter
boa vontade, que já é algo admirável! Mas saber Ser Presenteado é pressupor a
elegância. Não abrir mão de gostosos agradecimentos não torna a intensão do
presente questionável, mas é valorizar a sensibilidade de alguém generoso o
suficiente para te convidar para a festa preparada para ela.
Quando existir simplicidade para reconhecer
onde está o verdadeiro presente; quando diferenciar “bem-querer” de “melindre”,
então, e só então, existirá sensibilidade para valorizar e representear num agradecimento. Não como um pagamento, mas
como alguém que ouviu a música e aceitou meu convite para dançar...
Obrigado.
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