Esta semana viajei e tive a oportunidade de conhecer pessoalmente um poeta/pensador chamado Russell Shedd. Por duas manhãs e uma noite, tentei acompanhar o raciocínio desse elegante grisalho –extremamente humilde diga-se de passagem-. Dos pontos de vista que eu entendi e concordei (poucos, provavelmente por ignorância minha), um mexeu muito comigo: A fome e sede de justiça.
Segundo ele existem dois tipos de justiça, a de Cristo e a dos homens. A de Cristo diz respeito a quem “vai para o céu” e os “porquês” relacionados a isso. É vertical. O segundo tipo tem a ver com a luta pela equiparação dos homens perante os próprios homens. É horizontal. Tem a ver com eu ser justo e honesto com o próximo, no sentido de que “ele também consegue”, “Ele tem direitos”. Tem a ver com “não tem como descansar sabendo que alguém dorme ali”. Muito didático e objetivo. Resumindo: um não é minha responsabilidade e o outro é. Fácil.
Acontece que –e agora eu que desenvolvo- parece que a galera está perdendo o foco e correndo nos trilhos que não os cabe. Parece que o que mais se encontra por aí são pessoas mais preocupadas com a portaria do céu do que com a horizontalidade dos relacionamentos. De repente, nas pregações dos grandes líderes populistas, cartilhas sobre o céu (totalmente especulado) são vomitadas nos fieis de maneiras cada vez mais extravagantes. Os líderes de jovens são mestres nisso. Metralhados com argumentos sobre a “justiça de Cristo”, um exercito vai se formando e, como que num “arrastão celeste” vão sequestrando as pessoas para o céu deles.
É aí que o relacionamento interpessoal se perde. Pastores evangélicos chutam santas católicas, no oriente povos jogam bombas uns nos outros, budistas se encalacram em verdadeiras ilhas de isolamento... E ai?! De que adianta a crença de vocês? Em cada esquina existe uma igreja evangélica e seus frequentadores a encaram quase como um time de futebol. São fiéis a ela, e batem no peito dizendo isso como se fosse um grito de guerra. “Eu sou batista!” eles dizem (ou qualquer outra denominação. Isso é um exemplo, por favor...).
Acho que se Cristo fosse mandar um bilhete escrevendo no céu com as nuvens, ele diria: “viu fera, faz o seu que eu faço o meu.”
Termino com uma frase do poeta Shedd: “Cuidado com aqueles que tem sede e fome de justiça, eles não entenderam que já está tudo bem.”
Russell Shedd é um dos maiores teólogos que conheço. Sua humildade e conhecimento bíblico são um exemplo para os cristãos. E ele possui livros excelentes.
ResponderExcluirQuanto à questão da justiça... a justiça horizontal só vai estar boa entre os homens se a justiça vertical estiver resolvida. A Bíblia diz que "Cristo é tudo em todos", que "Jesus é nosso mediador", que "ele nos amou primeiro, por isso nós o amamos".
A justiça que devo ter com meu próximo só estará ativa e vivificada, se a justiça vertical estiver em mim. Somos declarados justos por Deus, só então seremos capazes de ter justiça com o próxima.
Esse é um padrão que a Bíblia estabelece: "Amar a Deus em primeiro lugar e, em segundo lugar, o próximo como a nós mesmos."
Abraço, Marcos.