As águas de Março nem se aproximam, e muito já se apreciou de um dos mais belos prazeres do verão: as Chuvas de Verão. Gosto delas. Representam de uma maneira prática a maneira como as pessoas corajosas atravessam a vida. Ela é intensa. Irreprimível. Tem o foco de quem tem certeza, a certeza de quem tem objetivo, o objetivo de quem sonha. Isso só acontece com pessoas de verdade. A chuva de verão é a personificação dos valores de Cristo.
Lamento muito quando alguém amarga a sua vinda. Pessoas que maldizem os dias chuvosos são pequenas de alma e têm a visão de caranguejo. Raramente exteriorizo, mas sempre, incansavelmente, defendo mentalmente a chuva quando alguém dessas laias a desgraça.
A chuva vem com suas nuvens e me ensina uma lição:
“Quando a luz se esconde e vivemos tempos de sombras, o que sustenta o folego é o que se tem no escuro. Quando o Sol não está, o que resta é a beleza do que está sob as nuvens. Quando o relacionamento não está bom, o que o sustenta é a história que se construiu. Quando se é magoado, os beijos já dados são os apoios.”
A chuva vem e defronta a mim mesmo com meu passado. Desafia a tenacidade de meus castelos. Poe em cheque minhas verdades. Lava com suas águas onipresentes as tintas com que escondo minhas lágrimas.
Penso que as pessoas que não gostam da chuva possivelmente têm muitas lacunas não trabalhadas, e por isso precisam de beleza exterior para suprir o gris visceral. A chuva te prende sozinho na sua sala num tumulto transbordante e inquieto de você com você mesmo. E aquele que não é em paz consigo, com certeza estará na pior companhia possível. Ele mesmo.
É difícil, e como tudo que demanda esforço e coragem, proporciona um presente ao final. Sempre depois desses dilúvios aparecem arco-íris.
Gosto de dizer que a beleza do arco-íris pode estar nas cores, mas sua importância está em sempre aparecer depois de grandes tempestades. Uma merecida recompensa para os passos trôpegos de quem afronta a pedregosa trilha do autoconhecimento .
Lindo e veio em boa hora.
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