Hoje eu pude acordar um pouco mais tarde. Todos já haviam saído. Eu não. Fui tomar banho.
Gosto do vapor se mexendo no feixe de luz que transpassa a janela. Eu brinco com ele. O sopro demora quase um segundo para chegar lá. Mas chega, e ai aquela neblina tumultua. É bonito. E onde o canhão de luz do Sol não pega parece que a nuvem não está. Mas eu sei que está.
Abri a janela. Eu nunca abro a janela no banho. Geralmente eu a fecho. Mas hoje estava bonito lá fora e eu quis ver. Com certa dificuldade destravei a trava e estiquei ao limite as duas partes de metal que se esticam.
Fiquei feliz e triste. Lá onde eu nunca via era lindo! Vi que a minha Palmeira Imperial estava gigante, o Ipê Amarelo da minha irmã floria e a grande árvore da minha mãe quase chegava aqui em cima no banheiro. Exatamente como meu avô prometera. Eu gosto do meu avô. Tanto quanto gostei de abrir a janela. Havia também uma flor rosa-avermelhada que eu não lembro de quem é –talvez da minha mãe também- e ela ficava bonita com o amarelo.
O triste, foi porque eu nunca faço isso. Sempre me contentei com o vapor no feixe. É que pra mim bastava! Acho que os dois não se dão. Para ter “lá fora” eu tenho que sacrificar o vapor do feixe. Ele sempre some quando eu abro a janela.
Mas pensando bem, a dança do vapor agrada fácil aos olhos. Entendo então que não perdi nada. Acontece que descobri outros alguéns para cenariarem meu banho. Isso. Caminhei à frente, não perdi nada. Sempre é tempo. Eu melhorei. Amanhã, se eu lembrar, namorarei a minha velha nuvenzinha, mas até a metade do banho. Das pernas até o pé, abrirei a janela e terei lá fora.
a janela aberta sempre tem algo a nos mostrar! Eu que o diga..
ResponderExcluirAbrir mão do confortavel e conhecido para vivenciar novas paisagens...
ResponderExcluirBelo texto...
Beijos...
Uma das coisas mais belas é saber que se pdoe escolher... Escolha dividir o banho...
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