Bichos não me assustam. Barulhos não me assustam. Fantasmas não me assustam. Pessoas me assustam. E na confraria desses que me assombram, um subgrupo é o superlativo disparado: Pessoas que têm certeza.
Nada me assusta mais que uma pessoa que está completamente certa do que faz e diz. Pessoas convictas são como confeiteiros que preparam lindos bolos mas restringem o prazer de degusta-los apenas aos colegas confeiteiros. Pessoas que têm certeza olham para um jardim e dizem: “Que pena, nem todos esses botões florescerão”.
Pessoas sólidas em suas “verdades”, obrigatoriamente optaram por uma única cor e aboliram todas as outras de uma bela paisagem. E o triste é que sentem prazer nisso. Sentem prazer em quadros monocromáticos. E o mais triste ainda é que muitos das gerações seguintes a eles, jamais provarão da beleza das outras cores. talvez nem mesmo saberão da existência delas.
Pessoas com certezas, têm sede de justiça. E me assusta a avidez com que rogam pela justiça, até a de Deus! Li uma vez num livro: “Nunca na história o homem teve tanto prazer na violência, como quando estava embasado em uma razão religiosa.” O crente é violento. Suados, vibram ao gritar sobre suas guerras. Mesmo o mais manso dos homens, ao entrar nesse grupo de pessoas instantaneamente ganha um “alguém a ser combatido”. Na casa onde se celebra o Amor daquele que trouxe Vida, o presente de boas vindas é um “inimigo”. A tudo isso não dou o nome de Louvor, mas sim Incoerência. –desconstruo com liberdade as maluquices das quais faço parte-.
Certeza é cadeado. Incerteza é um bilhete de milhagens. Certeza é insensibilidade. Incerteza é acreditar que todos podem me ensinar. Certeza é ser professor militar. Incerteza é Jean Piaget. Certeza é morte. Incerteza é vida.
Também me ensinaram que “Os maiores massacres da história da humanidade foram feitos por pessoas que tinham certeza”. -Sem citar perdas culturais como a Biblioteca de Alexandria.- Os nazistas têm certeza. Os Romanos tinham certeza. Os americanos têm certeza. Os portugueses tiveram certeza. Os samurais tinham certeza. Os Policiais militares tiveram certeza em 2 de outubro de 1992. O Primeiro Comando da Capital têm certeza. Os crentes também.
Eu?.. Não, eu não.
Ótimo texto!
ResponderExcluirSó oque fica na minha cabeça é "e a incerteza sobre a existência de Deus?"
Pois essa é que me dilacera diariamente.
Um abraço!
Ah! Aproveito pra dizer que estou fazendo um blog também, voltado para apreciação musical! Ainda não tem textos, estou organizando as coisas que eu tenho e pensando como começar. Gostaria de deixar claro também que a sua iniciativa de escrever em um blog me deu forças para fazer o mesmo! Eu já havia feito um de poesias, mas não divulgo porque não tenho esse interesse. É mais pra mim mesmo.
Agora sim, um abraço e boas férias!
Rafa, estou ansioso para ver seu blog. E desde já recomendo a todos que por aqui passam.
ResponderExcluirRafael Lauro, um músico com muito a dizer.
Deja vu.
ResponderExcluirUm agradável Deja vu.
Amigo, já lhe disse e repito: você tem evoluído muito na arte de escrever, sobretudo sobre sua vida, seus anseios, daquilo que lhe enche o coração.
ResponderExcluirTexto muito bom. Acrescentaria, apenas, que quem tem certeza não tem sede de justiça, mas sede de vingança.Ambas são bem diferentes, quiçá opostas.
Forte abraço!
Boas pessoas sempre me dando parâmetros..
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBom eu realmente não sei se o que vc disse está correto, porém acalma meu coração, uma vez que quase sempre não tenho certeza... sempre fico na duvida de como... ou porque..., na realidade pensando bem eu deveria...
ResponderExcluirObrigada por mais uma vez dividir comigo...seja o que for!
Amo-te e sinto tua falta sempre!
a certeza quebra pontes, a incerteza une pois estar a saber, a buscar, a conhecer!!!
ResponderExcluirps: você deu um significado para as cores único..
Parabéns!!!
Brilhante Minoru,
ResponderExcluir"Certeza é cadeado. Incerteza é um bilhete de milhagens. Certeza é insensibilidade. Incerteza é acreditar que todos podem me ensinar. Certeza é ser professor militar. Incerteza é Jean Piaget. Certeza é morte. Incerteza é vida."
Como disse Guimarães Rosa: A gente só sabe bem o que não entende"
É de precariedades, de incertezas que as maiores evoluções acontecem...é só não ter medo delas, pois como bem disse Fernando Pessoa (Álvaro de Campos): eu que me aguente comigo e com os comigos de mim - ou algo parecido, enfim, é melhor nos aturarmos em incompletudes que nos completam, em incertezas que nos definem, do que em certezas que dilaceram e excluem peremptoriamente o diferente!
Abraços!
Genial...
ResponderExcluirEncontrei tuas palavras na busca de um pensamento irmão.
ResponderExcluirGrata pela maravilhosa surpresa,
já que de incertezas,acalmo meu coração.