Ensino fundamental, um desfavor à Musica.

Não, eu não conheço todas as escolas do Brasil. Sim, eu também conheço professores diferenciados.
Mas se você não estudou em nenhuma das cinco melhores escolas da quarta maior cidade do mundo, não pagou mais de quatro salários mínimos de mensalidade, não faz licenciatura em Artes/Música e nem mora em aldeias indígenas no interior do Mato Grosso onde a cultura é verbalmente passada de pai para filhos, talvez a avalanche à seguir não te soe ridícula ou descabida. Quem sabe até faça sentido.
A cada dia mais, venho me incomodando com a falta de preparo de pessoas bem intencionadas -não chamaria de professores- que têm nas mãos crianças na fase mais importante da vida, em relação a formação não só da escuta ativa mas ouso dizer formação cultural!
Vejo pela minha irmã. Ela está descobrindo tudo! Ainda não está formatada! Está disponível em vontade e em tempo para conhecer sons novos, timbres novos, pessoas novas, histórias, culturas e tudo mais! Um papel em branco! Que se pode pintar com as mais diversas cores de um mundo inundado de vida, sabores e sons! Minha irmã é como um pássaro ansioso para voar, e está em busca de sugestões de destino. Vai! O mundo é lindo! Vamos conhece-lo todo! Voa!
Mas não... estes vasos valorosos parecem não estar preparados para tamanha honra. São professores limitados, sem cultura –eu também não tenho, mas corro atrás-, despreparados musicalmente, teoricamente, psicologicamente e emocionalmente. Não bastasse todo o trabalho de um professor de musica ser resumido tristemente em muitas escolas a apenas apresentações de dia dos pais, das mães e festas juninas –o que é um absurdo-, estes ainda os desperdiçam da pior maneira possível.
O dia dos pais ou festa junina está chegando e aposto que na maioria das escolas as crianças cantarão alguma música sertaneja com uma letra estupradora onde se encaixou a palavra “papai” em algum lugar. Comigo foi assim. Já cansei de cantar essas paródias torpes para minha mãe... E as flautas? Meu Deus... Injustiça com elas.
Por duas vezes tive o privilégio de ser contratado para tocar na formatura de quinta série de uma grande escola da zona sul de São Paulo. Foi lindo. Sob o comando de um professor celeste, aqueles futuros empresários de sucesso cantavam e tocavam flauta à quatro vozes! No repertório? Tom Jobim, Milton Nascimento, Sting e muito mais! –antes que venham falar alguma coisa: Eu não sou contra Pop, levei a tuca no show dos Jonas Brothers e foi demais! Sou contra o desequilíbrio-. Aquelas crianças não tinham nada que todas não tenham. A não ser aquele professor de música. Que não às subestima.
Na verdade nem sei se os outros subestimam as crianças, talvez seja apenas que nem passe pela cabeça deles algumas variações criativas da pedagogia. Para piorar, agora as aulas de música serão obrigatórias, mas a formação musical do professor não. E ainda que seja, o número de formandos em licenciatura por ano comparado com o numero de escolas é canceroso. (ler matérias em anexo)
Eu continuarei aqui, somado a mais uma meia dúzia de gatos pingados sonhadores. Estamos nos preparando. Farei a diferença para alguém. 

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31 comentários:

  1. Leia também:

    Estadão: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,menos-jovens-se-formam-em-cursos-de-licenciatura-e-pedagogia-no-pais,379707,0.htm

    Folha: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u435147.shtml

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  2. “A criança está aberta para receber” , diz Muszkat. Contar histórias, pôr música na vitrola, agarrar e beijar, brincar com a fala são estímulos que ajudam o aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais do cérebro.
    *Grandes nomes considerados gênios da música iniciaram seus estudos na infância, Mozart, Beethoven, Bach, Carlos Gomes e Villa Lobos, entre outros.
    * A música é uma língua e pode ser aprendida como as crianças aprendem qualquer língua: ouvindo e imitando."
    (Shinishi Suzuki)

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  3. Mudaremos isto, sim, mano. Estou na licenciatura, sei que o panorama não nos anima muito, pelo contrário, é decepcionante; contudo, tenho esperanças de que podemos contribuir para que algo mude.

    Felipe Gameleira.

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  4. Felipe Gameleira: Este ano termino o Bacharelado, ai emendo Licenciatura. Vamos!

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  5. A realidade é triste, estamos a caminho do fundo do poço. Toda uma geração de músicos e cultura musical brasileira chegaram ao fim com a ditadura e, deste então, não sabemos mais o que é educacão musical em um sentido amplo e social.

    Infelizmente, esse retrocesso não está restrito a música. Cada vez menos as pessoas se interessam no conhecimento em si.

    Claro que ninguém se interessa em ser professor. A salário é ridículo. Àqueles que sonham em ser professores, em sua maioria, não sonham em ensinar as crianças, mas sim em ensinar os adultos e isso porque o salário praticamente dobra.

    De qualquer maneira, depende de nós mudar essa situação. Tenho certeza que a boa música e as boas idéias são mais fortes.

    O magistrado é uma das profissões mais nobres que existem. O bom professor não ensinar a responder e sim a perguntar.

    Um abraço.

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  6. Rafa: Exatamente... juntos.

    PS: Acabei de dar aula para um menino que vai cantar RESTART no dia dos pais.. e adivinhe, encaixaram "papai" na letra.. quase acertei...

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  7. Sou pedagoga em formação e como tal conheço digamos que um pouco da realidade retratada acima, a preparação dos professores em geral é péssima não há o que se discutir. A remuneração também.

    Mas creio que ligar a falta de cultura a estilo musical é um tanto quanto limitar o significado de cultura a uma 'classe social'. Se você está falando sobre o ensino fundamental regular, nenhum professor formará ali músicos, mas proporcionará as crianças o contato com a música e claro sem escalpelá-las impondo algum estilo que 'ele professor goste', o educador é antes de mais nada um mediador, e deve mediar o conhecimento que eles 'alunos' vão construir em contato uns com os outros e se relacionando no meio familiar também. Lembrando que o conceito de cultura hoje segundo a antropologia nos mostra que não existe um ser sem cultura. Cada um tem a sua cultura, porque cultura nada mais é que um conjunto de costumes, é o modus vivendi de um determinado grupo de pessoas. A visão de que a apenas um grupo determinado possui cultura é arcaica. A diversidade cultural não subsistiria dessa forma, é um pouco hipócrita querer que todos os alunos aprendam apenas o estilo que eu gosto em sala. Penso que o educador deve proporcionar aos alunos sim um contato com TODOS os estilos musicais entre outras fontes para sua formação cultural. Lembrando que provavelmente as próprias crianças como indivíduos ativos na sua construção cultural já escolhem livremente suas preferências em contato com a família e amigos. As crianças são papéis em branco sim, quando nascem, porém no ensino fundamental já existem muitas coisas escritas nesse papel pelas mídias de massa, familiares, e sim pela escola.
    Por tanto, quem não garante que elas mesmas não escolhem ouvir Restart ao invés de Mozart?

    Colocar esse fardo todo nas costas do educador é um pouco demais...

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  8. Si Caetano: Entendo e respeito a sua opinião, mas você não entendeu nada do que eu quis dizer.

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  9. ah rapaiz, comentei com vc no twitter, mas acho válida a minha opinião aqui tb, mesmo a Si dando um banho de conhecimento, como futura pedagoga que é, podemos acrescentar mais coisas...

    Sim, eu faço parte dessa geração de professores que sonham em contribuir na formação da criança musicalmente... mas acho que a crítica que o Minoru faz é em relação aos educadores musicais em relação à escola pública.

    Faço licenciatura em Música e estou atuando na escola pública já, mesmo que seja estágio, tenho uma bagagem. Tenho um colega estagiando comigo, que dá a oficina de violão, que não soube resumir uma harmonia em I,IV,V,I. Como alguém se julga capaz de ensinar música se ao menos não domina aquilo.

    E outra, se tratando da escola agora, 1 em 783274838 escolas entendem a importância da música no desenvolvimento da criança, as outras só querem um professor de música para preparar "musiquinhas" para eventos da escola, seja páscoa, dias dos pais, 7 de setembro e natal. O educador que não se impõe e não valoriza seu trabalho, acaba por não reconhecer o valor da música, acaba por estacionar e jogar fora todo o conceito de educação musical de fato.

    Respondendo a Si, uma das coisas que aprendemos em educação musical é jamais jogar fora a cultura do aluno e dizer: "isso que vc escuta não é música", eu mesma já trabalhei conceitos musicais com funk e rap dentro de sala, e deu super certo, o que vai contra a muitos educadores de mente fechada. Mas o assunto não é esse né :D

    dada a opinião :)
    God bless

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  10. Camila Zaponi: Muito obrigado, estamos afinados.

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  11. @Camila Zaponi, não acho que você se opôs ao que escrevi , agregou e muito.

    @minorulandia Entendi sim o que quis dizer, mas quis sim colocar alguns conceitos ali em cima não tanto como oposição mas para realmente aprofundar mais na questão professor em geral.

    Creio que toda essa discussão é super válida para todos nós. Aprendi com vocês hoje. Abraços.
    E boas aulas companheiros. ;)

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  12. Primeiro quero dizer que não sou defensora cega das aulas de música que acontecem nas escolas. Não acho que tratar o professor de música como um mero encarregado de preparar dancinhas pra dia das mães, festa junina e festa de fim de ano com músicas que deixam a desejar seja uma educação musical efetiva. E sei que isso é o que acontece em grande parte das escolas. Afinal, isso foi o que eu tive! (Discordo quando vc diz que isso não ocorre tanto nas melhores escolas do país. Ocorre sim!)
    Só quero chamar a atenção para o fato de que, principalmente em escolas particulares, o professor de música é obrigado a cumprir esses papéis, e tenta introduzir fundamentos da música nessa rotina a que é imposto. Mas o que chega pra quem não está dentro da sala de aula no dia-a-dia é só a apresentação com a dança bobinha. Eu já vi isso acontecer com vários amigos meus professores esse ano.
    O grande problema pra mim está, não na formação das crianças, mas na formação inócua que é dada na "academia" para os futuros professores (público que a gente faz parte). Se nem na universidade os alunos tem aulas que educam despertando o interesse ao invés de despejar conhecimento, como se cobrar algo desses futuros professores? Ou seja, o caminho é mais longo..
    Outra coisa: a educação musical é muito mais complexa do que apenas ampliar o gosto musical do aluno. Sei que vc não disse isso, mas só quero chamar a atenção pra o quanto a questão é passível de vários pontos de vista:
    esse professor que vc citou (e que eu conheço e gosto!) usou um método que hoje em dia é muito reprovado e considerado ultrapassado por uma grande corrente da educação musical, que é o uso de flauta em grupo em aulas escolares. Se vc já esteve numa aula de flauta doce séria, (eu posso te assegurar porque tenho estado toda terça de manhãzíssima rs...) vc entenderá que é um dos instrumentos mais difíceis de afinar e de fazer articulações de língua, meu Deus, como é sutil! Principalmente a flauta doce soprano! Ali não afina com mais de 2 pessoas nem se elas quiserem muito rs… Portanto, um passo para deseducar o ouvido das crianças. Aquele bolo sonoro que se forma não é aprender música também. O que quero dizer é que, para um educador, pode ser muito mais nocivo pra criança educar o ouvido melódico através da flauta do que propor uma pesquisa sobre os estilos de música que elas gostam como forma de iniciar uma discussão. Depende do ponto de vista, e aí que ta a beleza da coisa!!Acho que não tem "certo e errado", a questão é muito ampla, é difícil encontrar um meio do caminho. Mas tenho certeza que muita gente JA ESTA tentando, na prática! E isso me motiva!

    PS: Sempre foi obrigatório, pra qualquer professor de uma matéria curricular em uma escola reconhecida pelo MEC, ser formado e licenciado. Música, matemática, educação física, o que for…Isso não garante qualidade, mas tem que se começar de algum lugar...

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  13. Juliana Silveira: Faz sentido. Mas escolher certas musicas e enfiar "papai" na letra, assim como outros 15 exemplos que eu posso dar, não é questão de ideologia... mas gosto, ou a falta dele. Aí temos um problema.
    Como posso cobrar que de um professor uma aula que ele nunca teve a oportunidade de ter?

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  14. @Juliana Silveira você exemplificou bem!Tenho as mesmas impressões que você.

    Muito do que se ouve, muito do que se estuda, está atrelado as ressonâncias internas. Colocar ''papai'' numa letra qualquer, independente de ser restart, zezé di camargo, xuxa e etc, é comum, e continuará sendo, independente se o professor é muito bom ou muito ruim. Todo professor é sujeito a uma ementa, a uma grade,a gostos do coletivo e etc. Rubem Alves naquela entrevista na Cultura citou bem o fato de que os professores não são livres quanto ao que gostariam de ensinar,limitando-se a suas ''grades curriculares'' e ''ementas''. O problema não está no professor apenas, tudo vai muito mais a fundo.
    Músicas populares, não ricas em harmonia, arranjos, e etc. acima de tudo vendem estão na moda, por isso é mais fácil colocar ''papai'' numa música do Restart que todo mundo conhece e está na ''moda'' do que colocar papai em '' Eu agradeço'' do Edu Lobo!!
    Eu já cantei no dia dos pais essas músicas toscas, já tive professores de música bons e ruins, mas no final das contas é o que ressoa musicalmente em você que mais te afaga! Não se dá de presente bom gosto musical! Mas o mais importante na educação é mostrar o quanto a música é grande, e o quando se dá para conhecer infinitos mundos dentro dela.

    =]

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  15. @sicaetano
    'Por tanto, quem não garante que elas mesmas não escolhem ouvir Restart ao invés de Mozart?'

    Escolha é escolha, não dá para garantir nada. Mas será que elas realmente escolhem? Ou será que a mídia faz uma seleção daquilo que é vendável e empurra goela abaixo através de truques sujos? Será que as crianças tem ao menos a educacão musical necessária para apreciar de maneira completa a obra de Mozart ou de qualquer outro?

    Não posso acreditar verdadeiramente que elas escolhem, no sentido Sartriano da palavra, ouvir o Restart ou qualquer outro produto da mídia. Para, efetivamente, escolher é preciso conhecer. Acredito que elas mal conhecem o que é 'Mozart'. Talvez conheçam um estereótipo muito superficial de música clássica.

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  16. @minorulandia

    Exatamente!! Não é justo cobrar isso de alguns professores, o buraco é mais embaixo...

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Rafael Lauro : Sim,as mídias de massa estão aí educando as crianças antes mesmo da escola da família afinal o pai liga a tv e sai para trabalhar e deixa a babá levar para escola e ainda acha que é lá que se deve educar a criança quando na verdade educar é uma coisa e ensino é outra mas essa é outra discussão rs , se elas não 'escolheram' livremente pelo fato de não conhecer completamente Mozart ou escolheram o grupo midiático apenas por 'conhecer' mesmo que superficialmente não importa, a questão é essa. Essa bomba não explode apenas por um fator, que no caso seria o professor, existe todo um contexto social por trás. A mídia, a família, o sistema público de ensino, as políticas públicas ou a falta delas...Esse é o ponto, não é quem tem ou não razão. A questão é que não podemos jogar fora a água da bacia com o bebê dentro.

    É como a Juliana Silveira disse: o buraco é muito, muito mais em baixo... não achei o texto equivocado ou descabido entendam, achei superficial porque essa é uma discussão muito ampla para se apontar um único culpado.

    Apesar de saber que o Minoru quis apenas expressar sua revolta e tem todo direito de o fazer e fez bem porém, sei que ele 'gosta' de saber outras opiniões e é isso que nos faz realmente aprender,

    Ah se todos os professores pudessem e se interessassem realmente em debater sobre suas condições de trabalho... a história seria outra.

    Abraço a todos.

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  19. Amigos, conheci um professor que proporcionou aos alunos de 8 anos conhecer boa musica erudita, jazz sem excluir pops como Luan Santana. As crianças estão equilibradas.
    Detalhe: num projeto social. E ai? Quem vai dizer que um professor preparado não pode fazer a diferença sozinho? hem?

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  20. Mi, se qualquer um aqui não acreditasse que um professor bem preparado pode fazer a diferença sozinho, a gente já tinha desistido disso tudo. .
    A questão é que vc tá sempre apontando o ensino de música (musicalização, pelo que eu entendi do seu texto) como uma aula de apreciação musical, uma coisa ligada ao repertório, e a musicalização não é isso na essência, esse é só mais um dos fatores, e não o objetivo, que é principalmente desenvolver no aluno a percepção dos elementos musicais como um todo. Acho que vc ta chamando pelo mesmo nome uma aula que seria uma coisa diferente. Se vc discorda dos objetivos da musicalização, aí a discussão é outra. Essa aula do projeto social pode ter formado um repertório incrível nas crianças, e mesmo assim não ter desenvolvido coordenação, ritmo interno, desenvolvimento do ouvido melódico, harmônico,pulso, ,som e ruído, etc. Será que mesmo assim essa aula é mais eficiente do que uma que trabalha esses aspectos (uma aula de musicalização tradicional)? Taí uma questão pra se pensar...

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  21. (nas minhas aulas com a Maristela quando eu era criança, ela nunca tocou na aula um jazz, uma música erudita, ou uma música pop. Ela trabalhava muito mais com o canto, cantigas e músicas tradicionais de vários lugares (porque essas músicas tem melodia, metrica, forma e ritmo muito assimiláveis pras crianças) e até fazia as crianças comporem as próprias musicas. Com 8 anos todo mundo fazia ditado melodico, ritmico, diferenciava timbres, entre várias atividades. Desenvolver o repertorio, fazer as crianças conhecerem os ídolos de QUALQUER gênero, não é o primeiro objetivo da musicalização..

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  22. Genial, é desse tipo de professor que eu estou falando.. A Maristela nunca daria Luan Santana com "papai" na letra para as crianças... aposto...

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  23. Nunca!!!! Tenho certeza também! Assim como sei que não colocaria na aula (de musicalização) o Coltrane, Stravinsky, Duke Ellington, enfim...Ela não entrava a fundo no repertório de nenhum gênero específico, tinha outras coisas pra desenvolver antes.

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  24. E são essas coisas que esses "bem intencionados" não têm desenvolvidos nem neles...

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  25. vou comentar sobre o PS da Juliana lá em cima...

    Ju: não, não foi sempre obrigatório, pra qualquer professor de uma matéria curricular em uma escola reconhecida pelo MEC, ser formado e licenciado. Com matemática, português... sim, no caso da música não.

    Primeiro porque só virou lei música na escola como conteúdo obrigatório em 18 de agosto de 2008 (lei Nº 11.769), e sem falar que a princípio era sim só para professores licenciados. Mas o Lula com sua sabedoria (ou não) vetou o artigo que dizia isso, pois reconheceu que demanda era grande e não teríamos professores formados em música em tão pouco tempo para suprir as escolas do Brasil. Ou seja, um professor de artes pode dar aula de música!

    Ai está a questão do buraco ser mais embaixo. Por que não adianta as universidades, ainda que pouco, prepararem seus futuros professores bem, se ao sair da faculdade eles vão encontrar seus empregos nas mãos de outro que não teve a formação que ele teve. E eles podem ficar no emprego, estão dentro da lei. Aí vai da escola se quer ensino de qualidade ou não, pois um professor de música formado tem o conhecimento muito mais abrangente que um professor de artes. Voltamos ao assunto da escola que o Minoru disse desde o começo.

    Quanto como são as aulas de música, repertório e blabla, que bom que sua professora Juliana te ensinou canto, cantigas e músicas tradicionais de vários lugares, mas a geração mudou, a pós-modernidade está ai, e temos que levá-la em conta.
    Eu não acho nenhum pouco interessante uma aula de música, numa sala de crianças de 10/11 anos, cantando cantigas. Eles não tem mais paciência pra isso, te mandam pra aquele lugar se você chegar com uma "musiquinha", da mesma forma que te mandam pra aquele lugar se você chegar com Stravinsky. E isso em escola pública e privada, tanto faz.

    Na Ed. Musical não existe uma receita, mesmo porque o Brasil é muito grande, existem contextos diferentes, culturas diferentes e tudo tem que ser levado em conta. O erro está nas universidades que com seus professores "antigos" tentam fazer de seus alunos reflexos de suas idéias sobre Ed. musical, que por consequencia, esses "novos" professores fazem a mesma coisa com seus alunos. Mas a era e a sociedade mudou, e se ela mudou, temos que ter a flexibilidade de perceber e atentar em como estamos dando nossas aulas.

    desculpa mais um texto, mas o assunto é muito interessante, convenhamos hehe

    abraços...

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  26. @Camila Zaponi

    obrigada pelo esclarecimento a respeito da lei! Eu não sabia, só li a primeira ata, que falava (deixava mais implícito rs) que era obrigatório o professor ser licenciado em música, agora que vc falou procurei e vi que eles tão abrindo buracos pra tapar o sol com a peneira. Que pena, concordo com vc que isso só tem como atrapalhar!

    Mas, sobre o outro ponto que vc comentou eu discordo. Não sou da área diretamente (faço bacharelado, começo a licenciatura ano que vem, por isso só posso falar das experiências que tive) mas venho dando muita aula pra criança e por isso me aproximei muito de uma professora da licenciatura na faculdade, essa que já citei. Ela me convidou pra assistir algumas aulas dela esse ano e acompanhar um projeto que ta desenvolvendo, e foi uma coisa que me transformou muito. Ela consegue sim trabalhar esse repertório com crianças de 5 a 12 anos, e me impressionei com o quanto eles gostam, se divertem e aprovam. As crianças estavam, inconscientemente e sem nomes técnicos, reconhecendo através de "brincadeiras" cadências plagais e dominantes, modo menor e maior, intervalos, diferenças de formas, tudo isso através dessas músicas tradicionais da cultura brasileira, principalmente. Um dia comentei com ela que fiquei muito impressionada com o quanto as crianças gostam da aula e dessas músicas, são crianças "normais" rs, sempre achei que fosse haver um preconceito muito grande da parte delas com esse repertório. E ela me disse uma coisa que mudou o modo como vejo uma aula profundamente: se o próprio professor tem preconceito com o repertório, os alunos nunca vão acreditar naquilo, por mais que ele tente. Ela realmente acha que aquelas músicas são lindas, ricas, um "dna musical" primordial e presente em qualquer um, fácil de se relacionar. E isso passa uma verdade que as crianças percebem. É muito mais fácil a gente culpar a mídia, os maus professores ou qualquer coisa a respeito do mau gosto musical que domina hoje, quando na verdade é função do professor despertar o interesse para aquilo que julga importante ensinar, o que quer que seja. Não me leve a mal, não estou querendo só criticar rs, mas desacreditar na capacidade do professor de criar um ambiente propício pro aprendizado do aluno em qualquer situação seria negar tudo que eu tenho visto. Esse ano, através de uma pessoa que dispôs seu tempo pra escutar minhas perguntas, recuperei minha fé na boa aula de música.

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  27. Um lamento musical, que atingiu a minha alma e me fez pensar, principalmente quando diz:" Um papel em branco! Que se pode pintar com as mais diversas cores de um mundo inundado de vida, sabores e sons! Minha irmã é como um pássaro ansioso para voar, e está em busca de sugestões de destino. Vai! O mundo é lindo! Vamos conhece-lo todo! Voa!"
    Não sou professora de música, mas confesso, depois das suas palavras,que sendo uma delas, iria me corrigir, se estivesse no papel de "professor(a) despreparado(a)".
    Penso que suas palavras, foram um alerta, uma injeção de querer, de vai buscar, de mudanças. Por que injeção? Por que você falou a verdade, e a verdade as vezes dói, mas não mata e tem cura...deu a sua "picadinha" agora quem se vê nessa situação que faça uma bela análise.
    Parabéns. Gostei daqui e vou segui-lo.
    Uma ótima noite.
    Um grane abraço.

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  28. Mi, essa matéria é MUITO boa!
    Sobre "uma nova forma de pensar" educação!

    Beijos

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  29. Mi, essa matéria é MUITO boa!
    Sobre "uma nova forma de pensar" educação!

    http://porvir.org/porpessoas/e-possivel-fazer-educacao-de-qualidade-sem-escola/20130311


    Beijos

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  30. Há um tempo que acompanho teu blog. Vi que a algum tempinho atrás você compartilhou o link dessetexto no facebook e me interessou muito. Mas só hoje tive tempo de ler e de ler os comentários e discussões.
    Sou Pedagoga formo esse ano e farei meu TCC sobre a importância da música na Educação Infantil. Já participei de eventos da aárea inclusive um Fórum sobre música para justamente discutir a Lei, a formação, entre outros aspectos. Gostaria de saber a sua opinião como músico. Você acredita que o Pedagogo pode atuar nessa área ou ela deveria estar restrita para os licenciados em Música? Pelo tempo do texto acredito que você já formou. Gostaria de saber se você tem algum texto acadêmico ou artigo da sua autria sobre a temática.

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