Porque The Voice Brasil é uma “furada”... (interessante)



  O The Voice Brasil é uma releitura do original americano, e para compreende-lo precisamos entender o contexto onde ele nasceu. Vou resumir bem.
  Até o final dos anos 70’ funcionava mais ou menos assim para alguém ficar famoso: Um “caça-talentos” de algum canal ou estação de rádio era o responsável por preencher a programação, para isso, saía na rua em busca de artistas em potencial. Foi assim com Cartola em 1956, ou mesmo Noel Rosa na década de 30’. Quando encontravam algo interessante, ofereciam dinheiro, contratos ou promessas para leva-los para a mídia. Mas no início dos anos 80’, com o aumento do número de artistas, a lógica inverteu (oferta demais para a mesma demanda). Agora as rádios e canais televisivos é quem estavam no poder e então vendiam seu espaço de exposição. Aí começou o “aparece quem tem dinheiro, não necessariamente quem é bom”. Todos que queriam ser famosos passaram a ter que investir, e isso significava colocar dinheiro em duas frentes:
  • ·      a Produção, responsável por "construir as estrelas” –produto- estrategicamente com a cara que o público mais compraria naquele momento (sons certos, letras, roupas certas, penteados certos..).
  • ·      o Escritório, que era a parte responsável por colocar o tal produto em contato com o público. Negociar entrevistas, músicas nas rádios etc..

  Acontece que os artistas geralmente não tinham recursos e vendo isso, outras pessoas que tinham grana passaram a financiar (pagar a produção e o escritório) para ganhar dinheiro às suas custas. Nasceram então os investidores-produtores, e dezenas de artistas passaram a bater à suas portas em busca de uma oportunidade. A concorrência era tanta que eles passaram a fazer audições.
  Chegamos onde eu queria, as audições, o processo seletivo dos produtores. Elas sempre aconteceram, mas à portas fechadas. Através delas são garimpados artistas que serão produzidos para gerar lucro. Mas os americanos são feras quando o assunto é ganhar dinheiro, então inventaram de transformar essa seleção em um programa televisivo ganhar dinheiro desde já! Genial! Esta foi a sacada de John de Mol e Roel van Velzen, criadores do The Voice U.S.A. pela NBC. E nessa lógica saíram nomes como One Direction que extrapolaram todos os recordes atingindo a marca de 1 BILHÃO de dólares em lucros em 2014. Estes tipo de produtor forma os jurados lá no The Voice original. Mas vemos artistas como jurados também. Sim, é que alguns artistas sacaram o mecanismo do mercado e passaram a produzirem outras pessoas também. O Pharrell Williams mesmo ganhou o Grammy 2004 e o Billboard Music Awards 2003 como Produtor do Ano! Não como cantor de Happy...
  E qual a diferença do equivalente brasileiro?
  •   Primeiro, aqui o programa não faz parte de um processo, mas é apenas algo solto no espaço. Quem ganha o The Voice Brasil, na prática, não ganha nada. O que os vencedores anteriores se tornaram? ... Nada. São “ex-BBBs” da música... Já a Kelly Clarkson, vencedora de um programa desses, já ganhou 3 Grammys. 
  •   Segundo que as pessoas que constituem o júri não são capacitadas para este fim. Não são produtores de nada muito relevante ou reconhecidos por essa vertente. São apenas.. outros artistas produzidos.. muitas vezes piores tecnicamente que os próprios candidatos. O certo seria colocarem produtores como Rick Bonadio (dono de bandas como NX Zero, Charlie Brown Jr e Manu Gavassi) e artistas-produtores como o Sorocaba (donos da FS Produções que detém Lucas Lucco, Marcos & Belutti entre outros). 
  •   Sem contar que em determinadas situações não faz sentido nenhum votar. Explico. O programa tem como principal objetivo manter a maior audiência possível. Logo, precisa abranger a maior variedade de estilos de público possível. Para isso, precisam que chegue ao final do programa um representante de cada estilo. Na prática, não importa o resultado da votação. Se for interessante manter um roqueiro ao invés de um sambista, para não perder os milhares de espectadores desse estilo, eles o farão. Ou você acha coincidência sempre chegarem ao final um representante de cada estilo? (hahahaha)

  Não é pecado assistir The Voice Brasil. Não engorda nem nasce verruga na mão, mas talvez seja interessante saber a verdade por trás da indústria. Pelo menos para não passar vergonha levantando bandeiras da banda Malta no Facebook ou mesmo gastando internet em votações. É um entretenimento, oco se comparado ao original, que não vai gerar nenhuma grande estrela, que não tem jurados com muita autoridade no assunto, só... e tudo bem... só achei que seria importante saber. 


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