Quando vale a pena?



Pena vem de do grego poiné (ποινή), que era o dinheiro dado por um matador à família de sua vítima. Uma espécie de indenização. Quando esta era alta, dizia-se que fulano “valia a poiné” recebida. O equivalente em latim, poena (deusa do castigo), virou sinônimo de tipos de punição aplicados por juizados civis. Um assassino cruel que era punido severamente, tinha uma lista de crimes que “valia a poena”. Na França de antigamente usava-se esta expressão para alguém bem remunerado. Aquele que trabalhasse muito, aquele que se sacrificasse na penosa função, este era alguém que merecia o que ganhava, este “valia a pena”. No antigo Egito, segundo o Livro dos Mortos, o defunto que almejasse o paraíso deveria ter o coração pesado numa balança e suas boas ações deveriam faze-lo atingir o peso de uma pena de avestruz. Devia-se então, viver a vida de modo a “valer a pena” no final.
  Para mim, algo que “vale a pena” significa aquilo que, a despeito das perdas no caminho, apesar dos prejuízos no processo, mesmo que o durante venha a machucar... ainda assim, mesmo com todas essas PENAlidades, o saldo é positivo e o esforço é legítimo.
  Sejamos mais práticos.
  Pela minha balança, desentupir as artérias, regular a pressão do coração, diminuir a gordura no sangue e me acrescentar alguns anos de vida, vale a penosa tarefa de acordar mais cedo e ir à academia, beber mais água e comer menos fritura. Pela minha balança, reorganizar a carga horária de trabalho de maneira a aproveitar mais os filhos e amigos, vale o corte de gastos. Pela minha balança, vale a pena abrir mão das demais mulheres do mundo para poder, lá na frente, ter Uma com quem rir lembrando de histórias antigas construídas à dois. E ainda que isso envolva repensar e negociar preferencias minhas até aqui, pra mim compensa. Pela minha balança vale a pena entender que crescer é também trocar de fase. Deixar de viver a vida que vivia quando era 5, 10, 20 anos mais novo e passar para a próxima. Isso significa substituir as fraudas e as baladas por novas peripécias mais relevantes e verdadeiramente desafiadoras. Juntar a grana para uma grande viagem, vale não-comer  fora neste final de semana. Aventurar-se imaginando como será se a sua religião não for “a certa”, vale a tentativa de ser menos prepotente. Um dia no Sol vale um sorriso. Algumas horas de estrada valem um sorriso. Um show de um ídolo que não é o seu, vale um sorriso.
  Não concordo com muitas coisas que os egípcios fizeram, mas achei bem bonito esse negócio de pena de avestruz..

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