A igreja e as línguas estranhas.


O que eu penso a cerca das supostas “língua dos anjos” faladas em algumas igrejas. No dia em que alguém entrar e respeitar a casa de um outro onde é regida outra cultura, no dia em que tirar os sapatos na casa de um japonês for indispensável, no dia em que o horário de oração do muçulmano que me hospeda também for sagrado para mim, neste dia estarei falando a língua dos anjos. Se todos os “missionários” soubessem que o Evangelho se espalha Ouvindo e não Falando, então iriam até a China, ou qualquer país da África que adoram ir e apenas ouviriam. Priorizariam outras coisas que não tirar fotos como num zoológico. Diriam eles: “Muito prazer, sou de muito longe. Vim para aprender a cantar os versos que encantam os teus. Permita que sob tua tenda possa eu comer dos mesmos grãos que sustentam os que andam por aqui. Por favor, me permita.” Aqui quem age como Cristo é o chinês, que aceita o estranho e o alimenta e abriga do vento. Não quem chega com segundas intenções de persuasão. Então, partindo deste dia, ao invés de destruírem culturas e tradições muito mais antigas que o próprio Cristo que eles pregam, seriam eles Amantes Profissionais. Amariam profissionalmente. “E falar de Cristo?”, perguntam os que não entenderam nada até aqui. Respondo: No dia em que esse que me mantém me perguntar “por que tudo isso? Por que esse interesse pelos meus?” Responderia: “Sigo os ensinamentos do Amante Mater. O apaixonado uno. Sou devoto a Um que ama incondicionalmente a todos. Isso sendo suficiente para mim, me faz sair ao mundo amando calado. Dessa maneira eu me anulo, e Ele mesmo é quem te abraça com meus braços.” Respeitando ainda todas as manifestações protestantes que me cercam, me baseio nas minhas rotas estatísticas de um inexperiente cristão. Nunca vi “palavras estranhas” mudarem a vida de alguém. Eu mesmo já disse muito “suriandalabanais”, mas agora aceito que era eu mesmo quem inventava tudo aquilo. Sim, só posso falar de mim. Mas me curei de ser uma farsa. Vejo competições de espiritualidade gerando “unções” cada vez mais extravagantes. Vejo “anabastúrias” alimentando egos. Gente que treme, gente que ri, gente que pula girando, gente que cai e o pior, gente que empurra pra o outro cair enquanto ora. Nunca ouvi falar de alguém que teve a “unção do leão” orando sozinho em casa. Tudo sempre acontece quando existe plateia. Pra mim, nada disso muda vidas. Amar muda vidas. E o Amor é uma língua muito mais que “estranha”, é suficiente, como Cristo.

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8 comentários:

  1. É isso aí! Se não tiver amor, de nada vale! Nada. abs Brou.

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  2. Minoru, ótimo texto, concordo com os dois pontos.

    Tbm já tive minha participação na produção coletiva de glossolalia... A meu ver, tbm não produziu vida, em geral vi produzir show.

    Concordo mais ainda com sua visão missionária e o respeito e verdadeiro interesse de amor pelo que difere de nós, não numa busca de anulá-lo e torná-lo igual a nós, mas de aprender, de enriquecer a nossa existência a partir de alguém que compartilha vida e nessa partilha é capaz de ser olhos que vem o que não vemos, ouvidos que ouvem o que não ouvimos, mãos que chegam onde não alcançamos. Simone Weil diz algo interessante nesse sentido "Nós lemos os outros, mas também somos lidos por eles. Interferencias nestas leituras. Forçar alguém a ler a si mesmo como ele é lido por nós (escravidão). Forçar os outros a me lerem como eu me leio (conquista)."

    Bom pra finalizar, concordo nos dois pontos, mas acho que há certa contradição neles. Acabamos de dizer que respeitamos e nos interessamos pelo diferente e ao mesmo tempo falamos de uma forma que faz a pratica daquele que é diferente de nós (falar línguas estranhas) soar errada ou inadequada... Rs... E agora?

    Abração!

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  3. Oi, Minoru! Não concordo com tudo que disseste, mas quem disse que é preciso, né, desde que eu respeite tudo que você acredita. É Minoru, respeitar é se permitir amar, compreender o mundo do outro que está tão adormecido em nós.
    Estou muito feliz de ter chegado aqui e perceber que independente das divergências que possa existir, há um sentimento que também pode nos igualar - eu sou meio que fascinada por isto rs, sabe, porque se consegui(r)mos amar, o que não conseguiremos?-. E que amor este teu cantinho!

    "Amar muda vidas. E o Amor é uma língua muito mais que “estranha”, é "suficiente". Como Cristo."

    Amém.

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  4. Meu caro, você sabe que gosto muito dos seus posts e que vejo uma expressão sincera daquilo que você sente. Da forma como você escreve é possível sentir as mesmas coisas que você sente enquanto escreve.

    Concordo com o que disse, só precisamos tomar cuidado pra não gerar nas pessoas que não conhecem a palavra um sincretismo religioso, no qual as pessoas creem em Cristo, mas com algumas distorções no evangelho.(O que acho que é o caso das línguas estranhas)

    O amor é de fato uma ação que expressa a mais clara pureza do evangelho de Cristo. E acho que enxergar o evangelho através da cosmovisão das outras culturas é a forma mais amorosa que encontramos de pregar o evangelho.

    [...“E falar de Cristo?”, perguntam os que não entenderam nada até aqui. Respondo: No dia em que esse que me mantém me perguntar “por que tudo isso? Por que esse interesse pelos meus?” Responderia: “Sigo os ensinamentos do Amante Mater. O apaixonado uno. Sou devoto a Um que ama incondicionalmente a todos. Isso sendo suficiente para mim, me faz sair ao mundo amando calado. Dessa maneira eu me anulo, e Ele mesmo é quem te abraça com meus braços.”...]

    Faço questão de citar esta parte do seu texto, não como um mantra, mas como um alvo de amor puro que devemos alcançar.

    Abraços meu amigo e que Deus continue te inspirando!

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  5. PS: Fui eu o Leandro Rezende Torres que comentei. rsrsrsr

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  6. Acerca das línguas estranhas nas igrejas, realmente fiquei surpreso. Não pela existência, mas pela "disputa", ou o que quiserem chamar.

    Acho que devemos respeitar o aspecto cultural sim, o que não deve ser confundido com religião. Isso teria evitado muitas dores de cabeça, inclusive no Brasil.

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  7. Acho incrível como banalizaram a 'língua dos anjos' porque isso é um dom não comum (como a dança, música, etc), então não teria ninguém pra ensinar quem quiser falar (sim, já vi isso em muita igreja - curso de linguas) - E na própria Bíblia está bem claro que alguém irá traduzir o que estão falando, do contrário, que a pessoa se cale.

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  8. "Todo o nosso conceito de valores precisa ser mudado."
    Como disse Juan Carlos Ortiz em seu livro, O Discípulo.

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