Yakisoba, Bukowski e uma mentira



  Sábado fui a um japonês. Não, eu não como peixe eu sei. Mas a gastronomia nipônica não se resume a isso. Também não sou um japonês falso apenas por ter cabelo claro e olho verde. Não discuto mais isso.
  Partindo dessas conclusões minhas o papo mais uma vez rodou até virar uma divertida ciranda onde eu era a chacota. Não estou reclamando, na verdade eu também faço isso frequentemente com algumas pessoas. Os mais próximos sabem que eu nem sempre sou tão... singelo.
  O curioso é que, em se tratando de características minhas -teimo em não chamar de defeito-, uma em especial sempre vem a tona: Radicalismo. Não me avalio um radical. Mas um resolvido. Radicais são teimosos. Eu sou perseverante. Radicais são chatos. Eu sou persuasivo. Radicais têm certeza, e eu a abomino.
  A gota d’água foi quando no domingo, num gesto “despretensioso” –o que eu duvido-  me presentearam com um livro do Bukowski dizendo “leia! Você vai adorar! Nossa é a sua cara!”
  Ok... aí a coisa ficou séria. Varios grupos de pessoas que não se conhecem chegam a um mesmo resultado sobre a minha pobre pessoa. Ok... ãh... Charles Bukowski, o poeta dos marujos sujos e bêbados, das bohemias literárias. Autor de “Notas de um velho safado”... Eu? Que acabo de escrever sobre 100 coisas bonitas?!
 Pensei bem e me senti honrado. Era ele um inegável amantes dos que não deram certo! Padroeiro dos rotos tétricos! Morreu e não teve nada de mártir, era apenas um homem que transbordava sentimento. Grosso as vezes, mas apenas por ser refém de excitações indomáveis. Violento, mas por excesso de ternura. Éh! Hurra!
  Provarei que não sou radical, ou tenho medo de sair de minha zona de conforto vivendo outras opiniões. Venho então por meio desta desafiar a todos que lerem está carta a me provocarem. Peço encarecidamente aos moradores de Minorulandia que me analisem e me convidem para situações que julguem opostas a esta mente que me persegue. Aceitarei os convites, documentarei e postarei aqui para que sirva de focinheira a esses que eu sei que já estão rindo antes de terminar este texto.
  Façam suas propostas. Covardes.

Use seu Facebook ou ID Google, poste aqui o que você pensa. É importante...



12 comentários:

  1. Pra começar, à guisa de preparação para outros desafios maiores, tenho dois desafios, burguês:

    1º Ver um culto na Catedral da Fé (in loco) e ficar até o fim;

    2º Ir numa temporada do acampamento evangélico mais famoso de Arujá sem ser expulso ou convidado a se retirar, tampou sair por "livre e espontânea vontade."


    Bora lá, bonzão!

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  2. Nada como 15 anos de amizade para conhecer alguém, acompanhando todas suas (boas) transformações.

    Não ache que seu celular é o melhor porque ele te ensina chinês, que a marca de carro X é melhor que a Y por causa da qualidade da borracha dos limpadores de para-brisas. Que o gosto musical de alguém é ruim porque ouve coisas populares e não eruditas, ou que prefere ir num show lotado se divertir do que apreciar acordes difíceis num auditório vazio. Consumir álcool num lugar barulhento é realmente estranho, mas estar rodeado por pessoas felizes procurando descontração tem seu lado bom. Dar tempo às pessoas perceberem e formarem suas opiniões antes de criticá-las é fundamental - você mesmo usava aquele cabelo cogumelo e andava de paninete se achando o máximo. Suas namoradas não são as mais perfeitas, e seus casos amorosos não são nem de perto os mais complicados. Mudar de tragetória na vida te faz só mais um entre milhões que diariamente fazem o mesmo, então não se sinta o corajoso. Ter um blog com vários leitores, tocar baixo acústico como poucos, frequentar a igreja, ser um empreendedor e ter uma ótima família também pode ser interpretado como um "riquinho babaca que só fala merda na internet, metido a crente, toca um negócio que ninguém nem ouve e acha que ta inovando estudando um negócio que o mundo inteiro já faz há tempo". Ou, mais fácil, "looser". Tudo tem os dois lados.

    Você é inteligente, determinado e carismático. Tem a sensibilidade de mudar quando conveniente, de saber que o menos é mais, e que somos jovens demais para saber demais sobre alguma coisa, e por isso está sampre na busca incansável por novos conhecimentos. Mas, nem por isso, pense que você já viveu de tudo um pouco para falar com tanta certeza sobre qualquer coisa, uma vez que, na verdade, o que viveu foi "um pouco de quase nada". Não me venha com "Radicais têm certeza, e eu a abomino", que nessa eu não caio não.

    Meu desafio é: me mostre algum momento dos últimos anos que você foi imparcial.

    Abraço!

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  3. Will: Se você estivesse aqui agora eu possivelmente te acertaria com um golpe. Mas não posso negar que ri alto.

    Lucas: A intimidade é uma grande bosta. Mas vou pensar MESMO e responder isso. Você vai ver! -Te amo. E como é legal te ver aqui…-

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  4. Nunca cheguei a dizer:"ele é um falso japonês", eu sempre disse, ele é um inusitado da raça, é diferente de tantos outros com seus cabelos e olhos negros. Ele sabe muito bem o que é , ele sabe onde quer chegar, e ter dúvidas não coloca isso a prova, apenas demonstra que pensa, existe. Ouvir opniões não te faz menos radical, te torna tolerante, aceita tais opniões e mudar em função delas, isso sim te torna flexivel. Personalidade forte não significa radicalismo, personalidade forte pode te fazer um ser "cabeça dura"..cabeça dura não é uma coisa ruin, vem, vem perceverança,luta com ele, ele sabe onde quer chegar. Eu entro no seu mundo, anda por aqui, viajo , me instalo,e saio com novas reflexões. Eu te conheço assim, de um jeito intimo, sem ser, é um adimirar integro. O que somos nós sabemos, mas como todos as outras pessoas nos veem, vai ser sempre relativo, e por isso que estamos sempre, sempre , buscando a aceitação do outro..isso é da natureza humana. Não deixamos de ser quem queremos por ninguem, mas fazemos de tudo para que pessoas que amamos nos entendem, e nos vejam como nós mesmo nos vemos. Fazemos questão disso. Ele faz. Ele quer, Ele nos persuadia , Ele nos escreve, e se descreve. E nós, nos identificamos. Sobre ler e conhecer coisas que não são do seu perfil, faça isso,faça sempre, pois ate pra não gostar tem que conhecer. Ele é um músico, que esse músico consiga mexer com todos,que traga e cause sensações extremas. Que ele seja diversificado, sem pré-conceitos e pré-opiniões. Ele te prende horas numa conversa, e te mostra que tras a essência de sua familia no olhar. Quando ele fala, é sempre como ouvir, honre o passado e orgulhe-se do presente.
    A "Certeza" tem dois lados como tudo. Eu tenho a Certeza de que vc é um otimo escritor e musico..como vou abomina-la? Abominar algo é perigoso, pois de um jeito ou de outro estamos ligados a tudo sempre.

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  5. Se eu pudesse também acertaria esse Will com um golpe.

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  6. Leticia: Puts, muito obrigado…Lindo!

    Silinhas: Calma. Passou passou…pronto.

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  7. A palavra "Radical" tem seus lados bons e ruins, fico um tanto surpreendido com toda essa necessidade de desgrudá-la de suas costas, como se fosse um daqueles papeis escritos "chute-me" na escola primária. No meio religioso, a conotação negativa do termo é algo próximo a falta de tolerância com quem discorda de você, a necessidade urgente de fazer todos concordarem, o desrespeito do direito dos outros de discordarem. A incapacidade de aceitar que possam existir formas distintas de viver a vida, que não a sua forma...
    Meu desafio é simples, responda-me, você é da forma descrita acima? (Até por que se vc for assim, você disfarçou bem em suas poucas ações e textos que vi, e irá disfarçar bem ao ir na "Catedral da Fé" ... rs... e irá disfarçar bem em qualquer "provação" que eu possa solicitar... rs...)

    No final, não entendo bem sua proposta, até me parece meio radical precisar "provar" que não se é radical.

    Radical pode ser alguém que se aprofunda no que lhe interessa, que vai às raízes das questões, não suporta resposta superficiais.

    Num mundo onde é comum dizer acreditar em uma coisa e fazer outra, ou acreditar sempre na ultima "máxima" que está na moda, também são rotulados de radicais aqueles que agem de acordo com o que acreditam... Para estes públicos só provaria sua não radicalidade se você fingisse concordar com qualquer coisa que digam. Imparcialidade, como vejo, é poder olhar criticamente os dois lados, quando há fatos e "provas" que demonstrem que um lado esta errado, se você estiver proibido de tomar o lado do oprimido, então essa imparcialidade não é imparcial, é opressora.

    Grande abraço!

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  8. Minoru, acompanho seu blog desde um bom tempo e posso dizer que me emociono com tudo que vc escreve. =]

    Gostaria de sua permissão apra republicar um texto seu no meu blog, com os devidos direitos autorais, claro!

    Abraços!

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  9. Henrique: Muito obrigado por suas palavras, você me acrescentou muitos parâmetros. Talvez coisas que nem imagina. Muito obrigado por ler meu texto e me ajudar com um argumento tão coerente. Acredito ter tirado um peso de mim. Penso que Não sou radical assim, sou apenas alguém que vive exatamente as filosofias mais coerentes que já me foram apresentadas. Estou aberto a ouvir todas desde que me apresentem argumentos suficientes… Acho que as mudanças que aconteceram na minha vida este ano provam minha flexibilidade. Mas insisto: Para mudar de rota por alguma coisa que me digam, não abro mão de explicações coerentes e reais.

    Muito obrigado. Tetelestai.

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  10. Ruth Fraga: Seria um prazer miserável. Digo miserável apenas por ser tão grande que não divide espaço com mais nada. É uma honra. Dá sentido a minha caminhada.

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  11. Lendo seu texto fiquei a pensar sobre pessoas radicais ou radicalismo, como preferir.Na minha visão há várias interpretações.
    Uma decisão radical é insuficiente se a gente não tomar uma atitude do tipo tudo ou nada.Um despertar de consciência pode ser muito pouco sem uma mudança radical ma maneira de agir.
    Quem te presenteou com o livro de Bukowski, com certeza, associou-o à sua impulsividade e criatividade ao escrever.As obras dele são dotadas de linguagem sem pudor e de caráter obsceno.Nada a ver com o que você é e escreve.
    E a inspiração?Você concorda que ao escrever um livro todo autor se inspira em algo, alguém ou alguma coisa?
    Tem mais: você não precisa provar para as pessoas sua personalidade. Seus textos demonstram quem você é.
    Não sei se é um desafio, mas um livro escrito por você seria tudo de bom!
    Beijos carinhosos
    Cidinha

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  12. Cidinha: À professora que me ensinou o hino, toda a minha nostalgica reverência.

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