Valsa para Lua

“O Poeta é um fingidor . Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que de veras sente.”

Fernando Pessoa

É esse o maior brinquedo do artista. Sua maior insígnia. Sua maior conquista. A liberdade para passear por diferentes personalidades. Não com o desarranjo mental de um bi polar, mas com a sensibilidade de quem personifica os dois lados de uma lágrima que não é sua. Não com o pejorativo da manipulação, mas com a candura de um deus homem.

Livre então, ele corre entre as árvores onde as sensações nascem, fala com elas e de tão puro cai no sono ao fazer um piquenique não planejado.

Preso também, não goza da benção da desatenção. Mas anda pela rua e nota a cor da bochecha rosada por vergonha, da boca molhada de desejo, dos olhos meio cerrados de fadiga. Chega em casa estupefato de ser. De ser tudo. De ser tanto de tudo em tão curto segmento de tempo.

O poeta não muda de cor gratuitamente como um camaleão. Esse o faz para dentro, para esconder. O poeta o faz para fora! Ciganeia de pseudônimo em pseudônimo para atingir mais longe! Onde o braço daquele que sente originalmente não chega! Se fantasia por dentro para que suas palavras saiam coloridas. Pinta a cara para sangrar aquele que sente mas vai quieto.

Seja com a fragilidade do trovador tétrico, ou com a nostalgia do gari na quarta-feira de cinzas, poeta teima em suar sentimento. E digo “suar” porque esse é um ato involuntário.

O poeta é desnecessário. Mas eu não me importo. Isso o faz gratuito. O que deixa tudo muito mais bonito.

Minoru Rodrigues Ueta Raphael

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7 comentários:

  1. elogiei ontem e completo hoje!! rs
    como disse certa vez Rosa Montero '' do mesmo modo que não podemos escolher o sonho de uma noite, não escolhemos o que vamos escrever, é a hstória quem leva o escritor'' e nós poetas e escritores somos assim.. quando terminamos um poema, um conto ou uma prosa, encerramos um sonho,que vai nascer no leitor.

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  2. Olha só, agreadeço por exteriorizar tudo de colorido e vivo que há em vc... Se algum dia, daqui a muito tempo, puder me autodenominar como poetisa, diria que vc falou como muitas vezes me sinto, e como muitas vezes sinto as pessoas...


    Beijos... Te amo!

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  3. Nossa! Díficil não perder o fôlego.
    Adorei a forma como você exterioriza o que é tão conhecido pra mim, não buscamos fazer sentido, mas nos divertir e tornar nossos sentimentos portáteis, táteis,e como disse a Deborah, se pudesse denominar-me poetisa esse sem duvida seria a descrição perfeita.
    Parabéns.

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  4. Houve uma época onde falar o que quissera nao era permitido,poetas se esticavam assim distorcidamente e conscientemente diziam sem dizer o que guardavam em suas almas.'Querer nem sempre é poder', ja sabemos..e o que sabemos mais ainda,é que liberdade é pura..nos da oportunidade de mostrar quem somos.Mascarar-se nem sempre é bom..mas as vezes se faz necessario, para até msemo nos auto-conhecer, assim surgem os pseudonimos de tais poetas.Nao sei qual é, e nem como é seu pseudonimo, mas sei que ele existe!

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  5. Mi, com essa música de fundo espetacular e essas palavras tão lindas e verdadeiras, só posso te dizer mais uma vez parabéns, não tem como não se emocionar, não nos deleitar no mundo criado por esse poeta tão sensível e ao mesmo tempo tão ousado.. vc conseguiu unir a música e a poesia de uma forma sublime.. e os mesmos aplausos que são dados ao músico pela esplendorosa canção, que sejam dados a ti Mi por esse poema de igual forma esplenderoso..
    Beijos.. casa vez mais gosto de ler o que escreve...

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  6. Primeiro post que leio no seu blog, tu escreve muitooo bem. Grande escritor. Já me considero seguidora das suas palavras. Excelente forma de se expressar. Abraço.

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