No breve tempo de uma pausa vejo-me forçado a descansar o baixo por sobre a cama.
Os dedos estão moles e fracos como de uma criança. Teima. Teimam como se por birra. Não respondem! Sento então. Ocupo-me aleatoriamente com coisas banais, suficientes apenas para me tomar o tempo necessário para que aqueles voltem a trabalhar direito. Grave, de certo. Talvez como resposta à malcriação presenciada, vasculho-me à procura de motivos que, por conseguinte me fizeram aqui.
Friamente nada faz sentido. Sei apenas que tenho que ouvir música, boa e feliz por apenas ser – se saída de mim, melhor ainda!-. Penso. Penso e temo. Penso e tremo, sozinho enquanto todos dormem. Então como sempre me assusto com a idéia de que aposto minha vida em algo que não posso nem ao menos ver! Contraio-me como se com frio. Ainda noite. Ao toque dos dedos também é longe. Fito com o olhar langue de Fernando Pessoa o dito impossível, ou o mais perto dele possível.
Não! Atenta! Vejo-a nas árvores e nos pássaros. No sorriso maduro e verdadeiro de minha irmã, apesar da tenra idade. Vejo-a nas pessoas. E por através de suas roupas e palavras. Algumas cantarolam no caminho.
Ah! Faça-me o favor! Cá estou eu de novo a me desesperar para justificar-me! Demônios! Sei apenas que tenho que ouvi-la. Mais do que fazê-la, servi-la. E isso me basta.
Bom, com os dedos respirados volto. Volto e mergulho em minha alienação. Feliz... Nossa, como me deixa feliz... Mas alienado, tão alienado quanto escravo. A ilha de Robson Crusoé. Minha casa onde outros temas não passam à porta. Ao ver perigo de algo que possa dividir a atenção, corro e em breve tempo até as janelas dos fundos cerram. Por conveniência lacro-as. Isso agora sim.
Mais uma vez nada disso faz sentido algum. Sei apenas que involuntariamente ou não, tenho que ouvi-la. Ouvi-la, fazê-la e servi-la. Um criado feliz e grato. Cego e confuso, porém feliz e grato.
Que nos dias de velhice que minha alma teme, tenha Deus misericórdia pelo menos dos ouvidos.
Minoru R. U. Raphael
Que bom que você ainda vê.
ResponderExcluirGostei muito de ler seus devaneios. Eles são mesmo... devaneios. Mas quem não gosta de um?
"Muito inteligente seu texto!!"
ResponderExcluirEm meio a tanta cultura inútil e apelativa, textos sem conteúdos e que não acrescenta em nada, só nos emborrece mais, muito bom viajar nos seus devaneios.. nos faz devanear junto com vc, pensar.. acho que é disto que estamos precisando.. continue nos presenteando com eles..