Meu problema com a certeza evangélica


  Tudo começou quando eu parei, pensei e entendi que a teologia que me ensinavam em casa era mais bonita do que a que ensinavam nas igrejas que eu havia frequentado até então. Para me organizar e principalmente para manter meus pensamentos atualizados com o mundo ao meu redor, fui pontuando minhas observações e sempre dividindo com o maior número de pessoas. Todos os tópicos são frequentemente confrontados e desconstruídos sem nenhum medo. Por não ter o objetivo de ganhar de ninguém, não me assustam os embates. Todavia, o número avassalador daqueles que se uniram a minha voz, inteira ou parcialmente, me motivou a escrever este texto.
  A primeira coisa que me chamou a atenção foi como um determinado grupo que se julga detentor da Verdade, se reserva tanto a dar ouvidos apenas aos de mesma opinião. Não se vê nas igrejas pastores ou líderes de outros grupos de opinião diferente sendo convidados a ministrar uma mensagem. Muito pelo contrário. Frequentando em média três igrejas diferentes por mês constato que todo o dito é extremamente peneirado para que “a manada não ouça o que não deve”. Já chegaram até a escolher as músicas que minha banda poderia ou não tocar. Veja: minha mãe, é minha mãe. Por achar isso realmente uma Verdade, não temo o discurso contrário. Na verdade me interessaria muito se alguém me apresentasse outra teoria! Por motivos óbvios! Uma verdade que teme o antagônico é fraca de pressupostos.
  A bipolaridade Consciente. Por se valorizar tanto alguns protocolos, doutrinas e comportamentos sem transparência e eficácia na explicação e ensino, muitos padrões nocivos de conduta são apenas repetidos. Sem saber o porquê, o padrão é repetido oco de sentimento, vazio, apenas por aparência. Percebi aqui duas resoluções recorrentes: (1) A pessoa não abre mão de suas posições e por seguir em concordância com o que pensa, choca a igreja. É então no mínimo mal vista pela “comunidade” por suas roupas, cabelo, opiniões ou preferencias. (2) A pessoa, por respeito, carinho ou mesmo medo, prefere não bater de frente. Nascem então duas pessoas, uma dentro e outra fora do ambiente religioso. Por não acreditar que os dogmas impostos pela religiosidade são realmente válidos e possíveis, o sujeito vira um bipolar não patológico, mas por opção, o que só piora. A situação por vezes chega num extremo tão ridículo que, no aniversário, a pessoa não pode nem juntar os amigos da igreja com os amigos da faculdade, por exemplo. Pois, por ser ele dois, não sabe como agir. Faz-se dois encontros então, mais cômodo.
  A imaturidade delongada, a inocência de fachada e o perigoso desconhecimento da sexualidade e da fisiologia do corpo. Por mais que já tenha ido a muitas pregações de pastores “ele-fala-mesmo”, em encontro de jovens e em reuniões de células teen, aqui existe outra constatação à mentira: Sexualidade não é um assunto resolvido e aberto a reais discussões. Um exemplo para ser mais rápido: Fui a um desses encontros de jovens aos sábados onde o pastor “ele-fala-mesmo” sentado num pufe colorido deu a sua mensagem. Todos saíram “felizes”, “esclarecidos” e “convictos”, até que eu propus algumas desconstruções e questionamentos. Virou uma confusão. O líder não soube como responder tudo, eu fiquei com cara de “ué?” e o resto ficou ou desgostoso comigo, ou excitados pelo questionamento ao inquestionável. “Já pensei muito isso mas nunca tinha falado com com ninguém”, “se parar pra pensar faz sentido” é o que mais se houve ao final. Alimenta-se então um emburrecimento juvenil perigoso. Uma Jovem de 22 anos próxima a mim quase perdeu o útero por não ter sido incentivada pela mãe a ir a uma ginecologista. “Não havia espaço para essas conversas aqui em casa”. Estava doente e não sabia.

Somos vantagem para alguém? A existência desse movimento tem saldo positivo ou negativo?
Perdoe a aspereza, mas eu não aguento mais.

Continua...

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