8 de out. de 2011

Eu tomando banho



Hoje eu pude acordar um pouco mais tarde. Todos já haviam saído. Eu não. Fui tomar banho.
Gosto do vapor se mexendo no feixe de luz que transpassa a janela. Eu brinco com ele. O sopro demora quase um segundo para chegar lá. Mas chega, e ai aquela neblina tumultua. É bonito. E onde o canhão de luz do Sol não pega parece que a nuvem não está. Mas eu sei que está.
Abri a janela. Eu nunca abro a janela no banho. Geralmente eu a fecho. Mas hoje estava bonito lá fora e eu quis ver. Com certa dificuldade destravei a trava e estiquei ao limite as duas partes de metal que se esticam.
Fiquei feliz e triste. Lá onde eu nunca via era lindo! Vi que a minha Palmeira Imperial estava gigante, o Ipê Amarelo da minha irmã floria e a grande árvore da minha mãe quase chegava aqui em cima no banheiro. Exatamente como meu avô prometera. Eu gosto do meu avô. Tanto quanto gostei de abrir a janela. Havia também uma flor rosa-avermelhada que eu não lembro de quem é –talvez da minha mãe também- e ela ficava bonita com o amarelo.
O triste, foi porque eu nunca faço isso. Sempre me contentei com o vapor no feixe. É que pra mim bastava! Acho que os dois não se dão. Para ter “lá fora” eu tenho que sacrificar o vapor do feixe. Ele sempre some quando eu abro a janela.
Mas pensando bem, a dança do vapor agrada fácil aos olhos. Entendo então que não perdi nada. Acontece que descobri outros alguéns para cenariarem meu banho. Isso. Caminhei à frente, não perdi nada. Sempre é tempo. Eu melhorei. Amanhã, se eu lembrar, namorarei a minha velha nuvenzinha, mas até a metade do banho. Das pernas até o pé, abrirei a janela e terei lá fora.

3 comentários:

  1. a janela aberta sempre tem algo a nos mostrar! Eu que o diga..

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  2. Abrir mão do confortavel e conhecido para vivenciar novas paisagens...
    Belo texto...
    Beijos...

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  3. Uma das coisas mais belas é saber que se pdoe escolher... Escolha dividir o banho...

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